Do Brasil que Vai
O encerramento ainda que provisório das atividades do site Wikileaks, que compôs até agora o novo cenário de insurgência da cidadania mundial contra a manipulação secular de governos e da grande mídia internacional, foi recebido com festas no Brasil.
Ao mesmo tempo em que espocaram rojões na Casa Branca tilintaram taças no gabinete dos irmãos Marinhos, agastados com documentos sigilosos trazidos a público pelo site há pouco menos de 2 meses atrás, os quais permitiram saber que um dos seus mais influentes âncoras de telejornais, Wiliam Waack, era informante regular do governo americano.
O jornalista, que conduz um dos mais direitistas telejornais da TV brasileira, o Jornal da Globo, é moderador também de um programa de debates sobre política internacional que prima pela parcialidade, trazendo regularmente como convidados uma maioria de ex-embaixadores octogenários que possuem em comum o mais evidente ranço contra a política externa que vem sendo implementada com sucesso pelo Itamaraty faz quase 10 anos.
Política exitosa porque consulta os interesses de projeção continental do Brasil na América latina e no mundo, num contexto em que o descolamento da crise mundial logrado pelos países emergentes e a integração entre eles, passou a constituir o novo eixo de estabilidade da política e da economia internacional.
Em virtude de que as novas orientações de política externa não mais se coadunam nem com os interesses americanos, que se preocupam com o cosmopolitismo nacional, nem com os do estado de Israel, influente no “stablishment” norte- americano e que se ressente do apoio à causa da autonomia dos povos árabes, o Departamento de Estado americano buscou fincar estacas nos meios de comunicação especializados em política internacional do Brasil.
No que se suspeita ser um caso de infiltração da CIA nas instituições do país, o jornalista Waack foi indicado por instâncias daquele governo estrangeiro para sustentar posições na mídia brasileira afinadas com as grandes linhas da política externa americana. Por essa razão é que se sentiu à vontade de protagonizar insólitos episódios na programação que conduz, nos quais não faltaram sequer palavrões dirigidos a autoridades do governo brasileiro.
Por essa razão é que Waack mantém-se como âncora, mesmo quando a emissora viu-se forçada a promover uma dança das cadeiras a fim de intentar um novo alinhamento político com vistas a relacionar-se com o governo federal para poder interferir em temas de seu interesse e que deverão ser objeto de decisão no próximo período, como a abertura do mercado de TV a cabo para as empresas de telefonia, a universalização da banda larga e a regulamentação da mídia.
Os documentos divulgados pelo Wikileaks de encontros regulares de Waack com o embaixador do EUA no Brasil e com autoridades do Departamento de Estado e da embaixada de Israel mostram que sua atuação atende a outro comando que não aquele instalado no Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Aceitam os Marinhos a autonomia de Waack sobre seus programas porque são atendidos eles mesmos em interesses menos defensáveis junto a grandes estúdios americanos e bancos estadunidenses.
O site Wikileaks cantou a bola. Agora é preciso que o governo brasileiro aja e defenda os interesses do país contra ações de espionagem e de manipulação de programas jornalísticos que em razão de abordagens unilaterais procuram desmoralizar políticas legitimamente validadas pelo voto do eleitor brasileiro.
SIGA O BLOG NO TWITTER!
Nenhum comentário:
Postar um comentário