O jornalista Ricardo Kotscho concedeu entrevista a Jô Soares, na (concessão pública) TV Globo, na útima quarta-feira e fez história.
Na sede da emissora da família Marinho (um dos mais importantes pilares do PIG), foi possível assistir a um jornalista (na verdadeira acepção da palavra) dizer que a velha monarquia midiática tupiniquim, que acusa o atual governo de censura devido à proposta de se regulamentar a comunicação social brasileira com o objetivo de democratizá-la, foi a primeira a defender o Estado de exceção (apoiando o golpe de 64) que tinha como premissa, aí sim, a censura.
A afirmação surgiu após o apresentador fazer um questionamento sobre supostas intenções deste governo de impor censura a mídia e Kotscho não deixou passar.
Confira o trecho abaixo:
Jô – O governo, parece que o governo está estudando a criação de um órgão pra controle, pra controle de conteúdo de rádio e televisão. O que você sabe dessa proposta, o que é que há de concreto e o que você acha disso?
Ricardo Kotscho – Olha, de concreto não há nada – até é bom levantar isso. Participei de um congresso, semana passada, na TV Cultura, sobre liberdade de imprensa, e estava esse negócio – o medo, o pânico, a censura, a volta da censura… Mas, quem fala isso, não viveu aquele tempo – eu vivi e eu sei como é que é…
Jô – Não, eu também e eu sei, inclusive, que é inconstitucional…
Kotscho – É impossível, hoje nós vivemos em uma democracia…
Jô – Então por que é que há essa onda, que tem até nome?
Kotscho – Então eu vou te falar: controle social da mídia, são documentos que circulam em sindicatos… Da categoria de comunicação, em congressos, simpósios, seminários… Tem gente que quer isso mesmo. Mas é uma minoria que nunca consegue…
Jô – Sempre tem gente…
Kotscho – Sempre tem, sempre tem… Desde sempre, desde o começo, quando eu trabalhava lá com ele [Lula] como secretário de imprensa. Nunca houve nenhuma medida de controle da imprensa.
Aí vão dizer assim: “Ah, mas o Estadão…”; o Estadão é uma questão do Judiciário. Todos os problemas que existirem de controle da informação são da Justiça, não tem nada a ver com o governo federal. Nem do atual governo Lula. E conheço muito bem a presidente eleita, Dilma, e não vai ter.
O Franklin Martins, nesse seminário da TV Cultura, disse, com todas as letras: “Controle social da informação é bobagem por um motivo muito simples: é inviável”. Sabe, não dá pra fazer. Quem vai controlar? Como vai controlar? Quem controla, somos todos nós. O controlamos sempre…
Kotscho – Só uma coisa, Jô, deixa eu só complementar. Quem ta falando isso, todo dia, em manchetes, esse negócio de ameaça, na campanha eleitoral se falou… Não tem.
Eu me lembro muito bem, que eu sou dessa época, o Estadão ajudou a dar o golpe de 64. Ele fez reuniões dentro do jornal, que acabaram implantando a censura no Brasil, a ditadura que ele não gostou.
A Folha de São Paulo, você vai se lembrar disso, demitiu o Cláudio Abramo, que era um grande diretor de Redação, a pedido dos militares. Aí ninguém fala em liberdade de imprensa.
A Veja…
Parabéns ao Kotscho pela coragem e dignidade de sempre.
Nunca é demais relembrar quem é quem.
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Xará, muito oportuno esse post. Parabéns. Me diga uma coisa: tem vídeo disso no You Tube ou algum site? Temos mesmo que deixar bem claro que não se trata de censura, MAS SIM COMBATER A CONCENTRAÇÃO ECONÔMICA DA MÍDIA, em outras palavras, o latifúndio midiático e, por extensão, da informação. E sensacional o Kotscho resgatar os primórdios do PIG. Sim, já tínhamos PIG no século 20, mais precisamente desde 1950, quando Getúlio Vargas foi eleito e a mídia iniciou a "conspiração do silêncio". Em resumo, tratava-se de um pacto entre os jornalões do Rio e de São Paulo para nunca mencionar o governo Vargas, a não ser para falar mal, de preferência manipulando a opinião pública contra Getúlio.
ResponderExcluirGrande abraço e saudações educomunicativistas,
Rodrigo Brandão - Equipe do EDUCOM, Aprenda a Ler a Mídia
Acusar a ley de medios de censura é uma tática suja do PIG. Como este sempre mentiu e manipulou para obter vantagem, claro que vai mentir e manipular para tentar barrar o que vai justamente impedir.
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