Em frente à calçada do político, manifestantes picharam
'aqui mora o assassino' e exigiram que ele também seja responsabilizado
pelas morte.
Da Rede Brasil Atual
Manifestantes desenham contorno de corpo e acendem velas em
memória dos 111 presos mortos no massacre do Carandiru (Foto: Maurício
Morais/RBA)
São Paulo – Um grupo de 50 jovens ligados ao Levante Popular da
Juventude e a Rede Dois de Outubro realizou, na manhã de hoje (2), um
escracho na frente da casa do ex-governador do estado Luiz Antônio
Fleury Filho, mandatário à época do massacre do Carandiru, que hoje
completa 20 anos. Na ocasião, 111 presos foram assassinados pela tropa
de choque da Polícia Militar (PM). Para os manifestantes, Fleury e seu
secretário de segurança na época, Pedro Franco de Campos, devem ser réus
no processo que apura as responsabilidades pelo massacre. Na última
semana, o Tribunal de Justiça de São Paulo anunciou para 28 de janeiro
de 2013 o júri de policiais envolvidos no caso.
Em grupos pequenos, os manifestantes foram chegando à praça Marechal Cordeiro Farias, no final da avenida Paulista, na região central, por volta de 9h. Equipados com tambores, sprays, megafone, faixas e retratos do ex-governador, os jovens desceram a rua Itápolis em direção à rua Morro Verde, também na região central, onde mora Fleury. A rua é estreita e arborizada, com grandes casas de muros altos, seguranças particulares e câmeras em todas as entradas. O alvo do escracho tinha três seguranças em uma guarita interna, que ficaram bastante aflitos com a chegada dos manifestantes.
O ato começou ao som de percussão, com uma paródia de funk: "Tá matando todo mundo/ Quem não reagiu tá vivo”, em alusão à afirmação do ex-governador, parafraseando o atual governador, Geraldo Alckmin, dizendo que quem não reagiu à ação da polícia não morreu. Os ativistas alternavam-se ao microfone, explicando as razões do ato e pedindo justiça. Enquanto isso, um jovem pichava na calçada da casa: “Aqui mora o assassino que ordenou o massacre do Carandiru”.
De acordo com a militante do Levante Popular da Juventude Juliane Furno, o objetivo do ato foi resgatar a memória dos 111 mortos no massacre do Carandiru e cobrar para que não fiquem impunes os que detinham a autoridade sobre a atuação da PM. “Estamos aqui para cobrar que seja feita justiça e denunciar para a sociedade essas pessoas que cometeram crimes ou violaram direitos humanos e hoje vivem tranquilamente em suas casas, como se nada tivesse acontecido.”
Um manifestante convidou Fleury para vir à rua e encarar sua responsabilidade pelas 111 mortes na casa de detenção. Ele afirmou que o ato não tratava de revanchismo, mas seria o justo resgate da memória dos “Zés” que foram assassinados naquele dia. “E que ninguém se importou justamente por serem pobres e simples Zés”, disse ele. Em seguida, os manifestantes iniciaram a leitura dos nomes dos 111 mortos. O desenho de um corpo foi desenhado na rua, bem à frente da casa de Fleury. Em silêncio, um grupo de jovens acendeu velas e as colocou sobre o contorno do corpo para homenagear as vítimas.
Terminado o pronunciamento dos nomes, os manifestantes deixaram a rua em marcha para a praça na qual haviam se concentrado. Seguranças e moradores observavam de longe, fechando o portão quando o grupo se aproximava. Nenhum vizinho de Fleury quis falar com a reportagem. No caminho, em meio a palavras de ordem, os jovens entoaram nova canção, em que diziam “e do Carandiru/ eu não vou esquecer/ quero ver, quero ver/ a justiça acontecer”.
O artista vanguardista Nuno Ramos preparou uma ação intitulada 24 Horas 111, para a 30ª Bienal de São Paulo, que consiste na leitura contínua dos nomes dos 111 presos mortos no massacre de 1992, durante 24 horas, até as 23 horas e 59 minutos de hoje. O pronunciamento será feito por 24 pessoas diferentes, na Mobile Rádio BSP, a estação temporária de rádio-arte da Bienal. A rádio está funcionando desde 3 de setembro e vai ficar no ar até 9 de dezembro, 24 horas por dia.
No próximo sábado (6), a Rede Dois de Outubro vai realizar a caminhada cultural pela paz e pela liberdade, às 11h, no Parque da Juventude, na zona norte da capital. O parque foi construído em 2003, no espaço onde ficava o presídio, após sua demolição. Hoje, no local, fica a Biblioteca São Paulo e a Escola Técnica Estadual (Etec) Parque da Juventude. No local não existe nenhuma menção ao presídio ou ao massacre.
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Em grupos pequenos, os manifestantes foram chegando à praça Marechal Cordeiro Farias, no final da avenida Paulista, na região central, por volta de 9h. Equipados com tambores, sprays, megafone, faixas e retratos do ex-governador, os jovens desceram a rua Itápolis em direção à rua Morro Verde, também na região central, onde mora Fleury. A rua é estreita e arborizada, com grandes casas de muros altos, seguranças particulares e câmeras em todas as entradas. O alvo do escracho tinha três seguranças em uma guarita interna, que ficaram bastante aflitos com a chegada dos manifestantes.
O ato começou ao som de percussão, com uma paródia de funk: "Tá matando todo mundo/ Quem não reagiu tá vivo”, em alusão à afirmação do ex-governador, parafraseando o atual governador, Geraldo Alckmin, dizendo que quem não reagiu à ação da polícia não morreu. Os ativistas alternavam-se ao microfone, explicando as razões do ato e pedindo justiça. Enquanto isso, um jovem pichava na calçada da casa: “Aqui mora o assassino que ordenou o massacre do Carandiru”.
De acordo com a militante do Levante Popular da Juventude Juliane Furno, o objetivo do ato foi resgatar a memória dos 111 mortos no massacre do Carandiru e cobrar para que não fiquem impunes os que detinham a autoridade sobre a atuação da PM. “Estamos aqui para cobrar que seja feita justiça e denunciar para a sociedade essas pessoas que cometeram crimes ou violaram direitos humanos e hoje vivem tranquilamente em suas casas, como se nada tivesse acontecido.”
Um manifestante convidou Fleury para vir à rua e encarar sua responsabilidade pelas 111 mortes na casa de detenção. Ele afirmou que o ato não tratava de revanchismo, mas seria o justo resgate da memória dos “Zés” que foram assassinados naquele dia. “E que ninguém se importou justamente por serem pobres e simples Zés”, disse ele. Em seguida, os manifestantes iniciaram a leitura dos nomes dos 111 mortos. O desenho de um corpo foi desenhado na rua, bem à frente da casa de Fleury. Em silêncio, um grupo de jovens acendeu velas e as colocou sobre o contorno do corpo para homenagear as vítimas.
Terminado o pronunciamento dos nomes, os manifestantes deixaram a rua em marcha para a praça na qual haviam se concentrado. Seguranças e moradores observavam de longe, fechando o portão quando o grupo se aproximava. Nenhum vizinho de Fleury quis falar com a reportagem. No caminho, em meio a palavras de ordem, os jovens entoaram nova canção, em que diziam “e do Carandiru/ eu não vou esquecer/ quero ver, quero ver/ a justiça acontecer”.
Outras ações
Na tarde de hoje, a Pastoral Carcerária e a Rede Dois de Outubro realizam um ato inter-religioso, às 15h, na Catedral da Sé, centro da capital. A celebração também faz parte da semana em memória dos 20 anos do massacre do Carandiru e pelo fim dos massacres. Na sequência da atividade religiosa, será realizado um ato político-cultural no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), ao lado da Catedral. De lá, os manifestantes seguem em caminhada para a Secretaria de Justiça, no Páteo do Colégio, onde finalizam o dia com outra atividade político-cultural.O artista vanguardista Nuno Ramos preparou uma ação intitulada 24 Horas 111, para a 30ª Bienal de São Paulo, que consiste na leitura contínua dos nomes dos 111 presos mortos no massacre de 1992, durante 24 horas, até as 23 horas e 59 minutos de hoje. O pronunciamento será feito por 24 pessoas diferentes, na Mobile Rádio BSP, a estação temporária de rádio-arte da Bienal. A rádio está funcionando desde 3 de setembro e vai ficar no ar até 9 de dezembro, 24 horas por dia.
No próximo sábado (6), a Rede Dois de Outubro vai realizar a caminhada cultural pela paz e pela liberdade, às 11h, no Parque da Juventude, na zona norte da capital. O parque foi construído em 2003, no espaço onde ficava o presídio, após sua demolição. Hoje, no local, fica a Biblioteca São Paulo e a Escola Técnica Estadual (Etec) Parque da Juventude. No local não existe nenhuma menção ao presídio ou ao massacre.
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