Hoje a sociedade
brasileira e capitalista comemora o “dia dos namorados”. É mais
uma data onde as pessoas mimosamente se obrigam a presentear outras
que dizem amar. Amar o presente caro, raro, de etiqueta, importado e
que ninguém tem. Apenas o(a) presenteado(a) pode alardear, com
êxtase, ser o(a) dono(a) daquilo que é resultado da equação
chamada amor.
O sexo e o erotismo que
são fontes de prazer sem limites de nossos humanos corpos foram
incluídos nessa equação formando um lindo kit do fetichismo
consumista. O que diria a deusa do amor na mitologia grega, Afrodite,
ao se deparar com um produto desse na vitrine? Diante da sociedade em
que vivemos, gritaria a plenos pulmões: Eu sou a autora! Exijo os
meus direitos autorais! Perigosa Afrodite....
O amor e o prazer se
tornaram produtos de livre circulação. O ato de flertar é ditado
pela necessidade de ter coisas, receber agrados materiais deixando de
lado as sensações mais puras e necessárias para o relacionamento
visceralmente humano.
A boca sexy, o corpo
sarado, a bunda empinada e o cabelo liso e oxigenado fomentam o
raciocínio do machismo em coisificar a mulher. O inverso também
ocorre. O carro caro, gastos desnecessários e ostentação seguem o
mesmo caminho mas pelo raciocínio feminino. O amor se tornou uma
mera relação de custo-benefício.
Basta assistir, ouvir
ou ler qualquer um dos velhos meios de comunicação que temos (PIG)
para perceberemos a lógica que não pode acabar reiterando
diariamente tal percepção. É necessário amar a outra pessoa pela
sua qualificação estética e não pelo o que ela é. A
espontaneidade do tempo para conhecer alguém e passar a amar foi
assassinada!
O que prevalece são
relações efêmeras, rápidas, sem contexto, sem conteúdo. O amor
se tornou enfadonho bem como o sanduíche do fast-food. Não importa
a qualidade do alimento mas o visual atraente e a possibilidade de
desfrutar desse bizarro prazer.
O que interessa é
gozar, gastar, sugar o quanto for possível e desaparecer. Simples
assim. É a mera concepção do produto consumido.
O amor perdeu a
liberdade. Ele está preso solenemente à cínica ideologia de uma
sociedade doente.
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