terça-feira, 12 de junho de 2012

O DIA DOS ENGANADOS

 

Hoje a sociedade brasileira e capitalista comemora o “dia dos namorados”. É mais uma data onde as pessoas mimosamente se obrigam a presentear outras que dizem amar. Amar o presente caro, raro, de etiqueta, importado e que ninguém tem. Apenas o(a) presenteado(a) pode alardear, com êxtase, ser o(a) dono(a) daquilo que é resultado da equação chamada amor.

O sexo e o erotismo que são fontes de prazer sem limites de nossos humanos corpos foram incluídos nessa equação formando um lindo kit do fetichismo consumista. O que diria a deusa do amor na mitologia grega, Afrodite, ao se deparar com um produto desse na vitrine? Diante da sociedade em que vivemos, gritaria a plenos pulmões: Eu sou a autora! Exijo os meus direitos autorais! Perigosa Afrodite....

O amor e o prazer se tornaram produtos de livre circulação. O ato de flertar é ditado pela necessidade de ter coisas, receber agrados materiais deixando de lado as sensações mais puras e necessárias para o relacionamento visceralmente humano.

A boca sexy, o corpo sarado, a bunda empinada e o cabelo liso e oxigenado fomentam o raciocínio do machismo em coisificar a mulher. O inverso também ocorre. O carro caro, gastos desnecessários e ostentação seguem o mesmo caminho mas pelo raciocínio feminino. O amor se tornou uma mera relação de custo-benefício.

Basta assistir, ouvir ou ler qualquer um dos velhos meios de comunicação que temos (PIG) para perceberemos a lógica que não pode acabar reiterando diariamente tal percepção. É necessário amar a outra pessoa pela sua qualificação estética e não pelo o que ela é. A espontaneidade do tempo para conhecer alguém e passar a amar foi assassinada!

O que prevalece são relações efêmeras, rápidas, sem contexto, sem conteúdo. O amor se tornou enfadonho bem como o sanduíche do fast-food. Não importa a qualidade do alimento mas o visual atraente e a possibilidade de desfrutar desse bizarro prazer.

O que interessa é gozar, gastar, sugar o quanto for possível e desaparecer. Simples assim. É a mera concepção do produto consumido.

O amor perdeu a liberdade. Ele está preso solenemente à cínica ideologia de uma sociedade doente.

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