quinta-feira, 18 de novembro de 2010

O PIG E O "PROCESSO" DE DILMA

O jornalão Folha de São Paulo (aquela mesma que chamou a ditadura militar de ditabranda) tentou ter acesso ao processo que levou Dilma Rousseff à prisão em 1970, durante o nefasto governo militar antes da definição eleitoral deste ano. A intenção seria a de continuar com o baixo nível da campanha publicando informações sobre o passado de luta pela democracia que a, agora presidente, possui tentando vender a ideia de que trata-se de uma guerrilheira sanguinária  (além de matadora de criancinhas, segundo a esposa do candidato derrotado) e que seria muito perigoso eleger uma pessoa com esse perfil para o cargo mais importante  da república. Se ela junto ao PIG já fizeram isso sem ter acesso ao processo, podemos imaginar o que teriam feito com o processo em mãos. Claro que, como de costume, a velha mídia utilizaria o discurso de que estaria fazendo simplesmente um "seríssimo" trabalho "jornalístico" e de "informação pública". Mas o fato é que essa tentativa não deu certo. Independente disso, o seu pedido de acesso ao processo continuou junto ao Superior Tribunal Militar que autorizou na última terça-feira por 10 votos a 1, o acesso amplo e irrestrito à tão aguardada "papelada".
Diante desse fato, algumas moscas advindas do chiqueiro rondam meus poucos neurônios e me fazem refletir sobre algumas questões:

Primeira. Onde fica o direito à inviolabilidade da vida privada da cidadã Dilma? Onde está nesse momento a defesa veemente da Dra Tais Gasparian (advogada da Folha no caso) demonstrada em uma de suas apresentações que assisti, como aluno, no curso de pós-graduação em direito do entretenimento e da comunicação social na escola superior de advocacia da OAB/SP em 2008? Talvez a resposta esteja nas palvaras da própria doutora que afirmou ser “Lamentável que o pedido [da Folha ao STM] tenha sido deferido após as eleições”. Lamentável por que? Seria apenas mais uma utilização política do processo na tentativa de reverter o quadro de derrota do candidato/amigo da velha mídia?

Segunda. Apagar o escândalo que foi a publicação da ficha falsa da Dilma se tornando uma das maiores "barrigas" já ocorridas na imprensa mundial, vendendo a ideia de que o processo mostra que ela não era falsa?

Terceira. Essa empresa quer reestabelecer a legitimidade das práticas do regime militar a que ela, não por acaso, serviu com devoção e fidelidade de diversas maneiras? Desde o apoio ao golpe em 64, passando pela indigna atitude de ceder os carros de reportagem para transportar torturadores e suas vítimas até transformar seus meios de comunicação em instrumentos da repressão e da ocultação de crimes hediondos. E como se isso não bastasse, com o final do regime de exceção, hipocritamente, posa de perseguida pela censura.

Quarta. Trata-se de um aviso à presidente eleita de que o terceiro turno está só começando?

Quinta. A Folha quer utilizar de todas as armas possíveis contra a democratização da comunicação social brasileira via Lei de Mídia?

Sexta.  Por que uma empresa de comunicação não luta pela ampla abertura dos arquivos da ditadura militar para que seja possível à sociedade passar a sua história a limpo podendo seguir rumo à prática efetiva da democracia ao invés de querer informações apenas sobre a vida de Dilma? Talvez a Folha apareça abraçada aos torturadores em algum desses arquivos, caindo de vez a máscara?

Sétima. A Folha e, obviamente, toda a monarquia midiática tupiniquim utilizarão as informações contidas num processo realizado por torturadores que tomaram de assalto o Estado, com o discernimento de não atingir a honra e a imagem das pessoas que nele figuram?

Conhecendo o histórico da ditadura nos meios de comunicação que desde sempre afronta a Constituição brasileira, não há como deixar de reconhecer que trata-se de uma atitude que preocupa a nossa jovem democracia reforçando a necessidade do debate sobre a criação da Lei de Mídia e o fim do vergonhoso monopólio midiático nacional.

Fiquemos atentos.

Democracia neles!

2 comentários:

  1. Pela postura da Folha,gostaria de saber se em seus quadros está infiltrado algum agente da época de 64?Estranho quando vejo criticas contundentes contra o governo Chavez,contra a Coréia do Norte quando aqui eles enaltecem a linha dura dos governos militares.

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  2. Na década de 80 tive contato com um frei dominicano que foi um dos perceguidos pelos militares na ditadura.
    Em Juiz de Fora-MG, ele relatou e mostrou o caminho que fizeram pela mata para se esconderem, ele e outros freis, e por ali permaneceram por mais ou menos tres dias, não soube precisar o certo, sem comida e bebida.
    Quem quiser saber mais sobre o assunto, leiam o livro: Brasil, nunca mais. Editora Vozes.
    Eu não tive coração para ler tudo, juro.

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