Diante desse fato, algumas moscas advindas do chiqueiro rondam meus poucos neurônios e me fazem refletir sobre algumas questões:
Primeira. Onde fica o direito à inviolabilidade da vida privada da cidadã Dilma? Onde está nesse momento a defesa veemente da Dra Tais Gasparian (advogada da Folha no caso) demonstrada em uma de suas apresentações que assisti, como aluno, no curso de pós-graduação em direito do entretenimento e da comunicação social na escola superior de advocacia da OAB/SP em 2008? Talvez a resposta esteja nas palvaras da própria doutora que afirmou ser “Lamentável que o pedido [da Folha ao STM] tenha sido deferido após as eleições”. Lamentável por que? Seria apenas mais uma utilização política do processo na tentativa de reverter o quadro de derrota do candidato/amigo da velha mídia?
Segunda. Apagar o escândalo que foi a publicação da ficha falsa da Dilma se tornando uma das maiores "barrigas" já ocorridas na imprensa mundial, vendendo a ideia de que o processo mostra que ela não era falsa?
Terceira. Essa empresa quer reestabelecer a legitimidade das práticas do regime militar a que ela, não por acaso, serviu com devoção e fidelidade de diversas maneiras? Desde o apoio ao golpe em 64, passando pela indigna atitude de ceder os carros de reportagem para transportar torturadores e suas vítimas até transformar seus meios de comunicação em instrumentos da repressão e da ocultação de crimes hediondos. E como se isso não bastasse, com o final do regime de exceção, hipocritamente, posa de perseguida pela censura.
Quarta. Trata-se de um aviso à presidente eleita de que o terceiro turno está só começando?
Quinta. A Folha quer utilizar de todas as armas possíveis contra a democratização da comunicação social brasileira via Lei de Mídia?
Sexta. Por que uma empresa de comunicação não luta pela ampla abertura dos arquivos da ditadura militar para que seja possível à sociedade passar a sua história a limpo podendo seguir rumo à prática efetiva da democracia ao invés de querer informações apenas sobre a vida de Dilma? Talvez a Folha apareça abraçada aos torturadores em algum desses arquivos, caindo de vez a máscara?
Sétima. A Folha e, obviamente, toda a monarquia midiática tupiniquim utilizarão as informações contidas num processo realizado por torturadores que tomaram de assalto o Estado, com o discernimento de não atingir a honra e a imagem das pessoas que nele figuram?
Conhecendo o histórico da ditadura nos meios de comunicação que desde sempre afronta a Constituição brasileira, não há como deixar de reconhecer que trata-se de uma atitude que preocupa a nossa jovem democracia reforçando a necessidade do debate sobre a criação da Lei de Mídia e o fim do vergonhoso monopólio midiático nacional.
Fiquemos atentos.
Democracia neles!
Pela postura da Folha,gostaria de saber se em seus quadros está infiltrado algum agente da época de 64?Estranho quando vejo criticas contundentes contra o governo Chavez,contra a Coréia do Norte quando aqui eles enaltecem a linha dura dos governos militares.
ResponderExcluirNa década de 80 tive contato com um frei dominicano que foi um dos perceguidos pelos militares na ditadura.
ResponderExcluirEm Juiz de Fora-MG, ele relatou e mostrou o caminho que fizeram pela mata para se esconderem, ele e outros freis, e por ali permaneceram por mais ou menos tres dias, não soube precisar o certo, sem comida e bebida.
Quem quiser saber mais sobre o assunto, leiam o livro: Brasil, nunca mais. Editora Vozes.
Eu não tive coração para ler tudo, juro.