A notícia não é de última hora mas, mesmo com certo atraso, esse blogueiro não poderia deixar de escrever sobre o lamentável fato.
Me refiro a declaração vil de um ministro vil. Trata-se de Aloizio Mercadante (ministro da educação) ao escrever no dia 26 do mês findo no jornalão Folha de São Paulo um pequeno texto em defesa do empresário e dono da publicação Octavio Frias de Oliveira (1912-2007) que foi citado pelo ex-delegado da Polícia Civil, dos tempos da ditadura militar, Cláudio Guerra em denúncia feita ao vereador Gilberto Natalini, presidente da Comissão da Verdade da Câmara Municipal de São Paulo.
Guerra afirmou que Frias participou de atrocidades durante a ditadura. Revelou que ele visitava com frequência o Dops (Departamento de Ordem Política e Social), leia-se o centro de torturas, sequestros e mortes e que a Folha colaborou financeiramente e logisticamente ao emprestar carros de distribuição de jornais aos órgãos da repressão.
O denunciante afirmou: “O Frias visitava o Dops constantemente. Isso está registrado.”
Diante disso, Mercadante não demorou para se manifestar de forma patética:
A Folha publicou notícia de que o empresário Octavio Frias de Oliveira visitou frequentemente o Dops e era amigo pessoal do delegado Sérgio Paranhos Fleury, um dos mais ativos agentes da repressão.
A denúncia partiu do ex-agente da repressão, Cláudio Guerra. Recebi a informação perplexo e incrédulo. Especialmente porque militei contra a ditadura militar na dura década de 70 e tive a oportunidade de testemunhar o papel desempenhado pelo jornal, sob o comando de “seu Frias”, na luta pelas liberdades democráticas.
A coluna de Perseu Abramo sempre foi referência da luta estudantil nos dias difíceis de repressão. A página de “Opinião” abriu espaço para o debate democrático e pluralista. A Folha contribuiu decisivamente para a campanha das Diretas Já.
Ao longo desses 40 anos de militância política, mesmo com opiniões muitas vezes opostas às da Folha, testemunho que o jornal sempre garantiu o debate e a pluralidade de ideias, que ajudaram a construir o Brasil democrático de hoje.
E “seu Frias” merece, por isso, meu reconhecimento. Acredito que falo por muitos da minha geração.
Aloizio Mercadante, ministro de Estado da Educação (Brasília, DF).
A manifestação beira o ridículo pelo fato de que até a própria Folha reconhece o apoio ao regime de exceção. Vale lembrar que todo o oligopólio midiático (PIG) que existe, até hoje, apoiou o golpe em 1964 e que essa colaboração financeira e logística não ocorreu apenas por parte de Frias mas pela maioria do empresariado paulista, comprovadamente. A Ultragaz, apenas para citar um exemplo, agiu da mesma forma na pessoa do seu presidente à época, Henning Albert Boilesen (1916-1971).
É vergonhoso e assustador verificar que a manifestação é absolutamente descompassada com os fatos registrados pela história e que ela não tenha sido feita por algum barão da mídia ou milico de plantão mas por um ministro da educação, membro de um governo que se apresenta, teoricamente, progressista, fundador do Partido dos Trabalhadores e que historicamente se mostrou preocupado com os problemas sociais do nosso país.
A explicação para essa asquerosa defesa talvez esteja na submissão ao PIG daqueles que estão no comando do PT há décadas. Os donos do partido completarão doze anos no poder institucional do país e não houve até o momento qualquer avanço significativo sobre a questão da existência do criminoso oligopólio midiático. Tema fundamental para que exista a convivência democrática na sociedade brasileira.
Mercadante apenas segue os passos de Lula que chegou ao absurdo de afirmar na morte de Roberto Marinho (colaborador do golpe com o jornal "O Globo", fundador da Tv Globo durante e com o apoio do governo militar e principal alicerce do PIG) que "ali se ia um grande brasileiro, merecedor de três dias de luto oficial".
Diante desse cenário, o luto deve ser ao PT com muita "paz e amor".
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Prezado Rodrigo
ResponderExcluirEsteja certo de que o PT está repleto de MERCADANTES, com a mesma "ética" de fancaria...
Abraço
Castor