Durante a semana que antecedeu a última assembleia, ficou nítido o pouco engajamento por parte da APEOESP em divulgar a mesma. Na internet e, em especial, nas redes sociais, foi gritante a diferença da convocação para o evento em comparação às anteriores. Começou a ser feita com atraso e, sem motivo aparente (a greve seguia com pelo menos a mesma adesão), não existia o mesmo apoio das últimas três assembleias.
Ao chegar à Avenida Paulista, reparei que a quantidade de vans/ônibus e professores era menor do que nas outras semanas. Como sempre, o conselho de representantes do sindicato se reuniu antes de chegar ao carro de som no MASP para fazer uma análise da paralisação e, por decisão da maioria que apoia a atual direção da entidade, entendeu que o fim da greve deveria ocorrer.
Na assembleia, foram várias manifestações a favor e contra a continuação da greve até que surge o momento dos professores presentes se manifestarem, independente, da decisão do conselho e o que se viu foi um ato vergonhoso. Como em um passe de mágica, a greve que há alguns dias crescia, depois da reunião com o desgoverno, segundo a presidente do sindicato (Maria Izabel Noronha), arrefeceu.
Bebel afirmou que se reuniu na manhã daquele dia com o secretário da educação e na negociação conseguiu alguns avanços. Ela os apresentou afirmando que o governo estadual se comprometeu a realizar todos não tendo registrado o fato em nenhum documento. É no mínimo estranho que o sindicato aceite promessas ao vento de um desgoverno que não cumpre nem a lei. Uma verdadeira aberração.
As "conquistas" no acordo foram:
1 - Fim da prova anual aplicada aos professores da chamada “categoria F”;
2 - Fim da prova exigida dos professores da chamada “categoria O” que já pertencem à rede estadual;
3 - Direito de atendimento médico pelo IAMSPE aos professores da “categoria O”;
4 - Concurso público no segundo semestre para professores PEB II;
5 -Não privatização do Hospital do Servidor Público e do IAMSPE;
6 - Convocação da comissão paritária prevista no artigo 5º da lei complementar nº 1143/11 para discussão da possibilidade de novo reajuste e discussão da implantação paulatina da jornada do piso (no mínimo 1/3 da jornada para preparação de aulas e formação, entre outras atividades extraclasse);
7 - Convênio em torno de projeto a ser elaborado pela APEOESP para prevenção e combate à violência nas escolas;
8 - Discussão do pagamento dos dias parados e retirada das faltas da greve mediante reposição de aulas.
Dos milhares de professores que se manifestaram, sob a minha modesta opinião, de diversos professores (inclusive da situação), fotógrafos e até do PIG (confira), a maioria decidiu pela continuidade da paralisação. Como se estivesse diante de uma votação unânime ou quase isso pelo fim do movimento, a Sra. Maria Izabel Noronha sem qualquer pudor decretou o fim da assembleia e da greve quando diante dos seus olhos a decisão tinha sido outra. Uma absoluta e inaceitável demonstração de arbitrariedade e de irresponsabilidade para o cargo que ocupa. No mínimo, um aviltamento à classe.
Tal desrespeito gerou indignação na maioria que exigia a imediata reinstalação da assembleia para continuar a paralisação. Como foi ignorada, garrafas de água e ovos passaram a ser jogados em cima do caminhão de som fazendo com que todos que lá estavam se refugiassem para a acanhada parte interna do veículo. Após mais de uma hora de impasse e aos gritos de "Greve!" e “Que papelão, a Bebel vai sair de camburão!”, a direção do sindicato pediu escolta à polícia militar para conseguir sair do local.
Com isso, a PM agrediu muitos professores até que foi possível abrir espaço na avenida para que o caminhão com a diretoria do sindicato conseguisse deixar a frente do MASP.
Para piorar foi possível ouvir testemunhos de professores do interiror afirmando que os ônibus locados pela APEOESP para todas as assembleias anteriores, na última sexta-feira sumiram. E como se tudo isso não bastasse, professores indignados com a decisão arbitrária se dirigiram à sede do sindicato do qual fazem parte para ouvir explicações sobre o acontecimento. Chegando lá, se depararam com o prédio fechado e cercado de policiais militares exatamente como nos tempos da ditadura.
Diante de tanta violência e falta de respeito, muitos(as) profissionais da educação levantaram a hipótese de desfiliação do sindicato, o que me parece um erro. É preciso fomentar o debate sobre questões absurdas, como essa, denunciar e tirar da presidência do órgão de maior representatividade dos professores da América Latina, a Sra. Maria Izabel Noronha.
Ressalto que não tenho filiação partidária e não recebo ajuda financeira de quem quer que seja. Minha atuação é livre por acreditar que a educação do país precisa ser mudada deixando de focar apenas a competitividade do mercado e passando a entender como prioridade a formação cidadã.
Como advogado, sociólogo, professor e acima de tudo cidadão, entendo ser urgente a mudança de comando na APEOESP.
SIGA O BLOG NO TWITTER!
Achei muito bom e bastante esclarecedor esse texto.
ResponderExcluirSaudações classistas,
Protesto Popular SP
Oi, aqui tem um vídeo da votação, pra enriquecer sua publicação! Beeijos >> https://www.facebook.com/photo.php?v=551452408226857
ResponderExcluirOi, aqui tem um vídeo da votação, pra enriquecer sua publicação! Beeijos >> https://www.facebook.com/photo.php?v=551452408226857
ResponderExcluir