quinta-feira, 31 de março de 2016

FOLHETIM DO MOVIMENTO GOLPISTA BRASILEIRO

 Uma singela adaptação de Folhetim de Chico Buarque realizada por este "blogueiro sujo".

Se acaso me quiseres
Sou desses partidos
Que só dizem sim
Por uma teta gorda
Uma propina boa
Uns jatinhos, uns whiskies


E, se tiveres cargos
Aceito uma renca
Qualquer coisa assim
Como uma democracia falsa
Um sonho sem valsa
E muitas carreiras Aécim


E eu arrecadarei à vontade
Sem meias verdades
E sem nenhuma luz
E te farei, vaidoso, supor
Que o PIG não mais te possuis
 

Mas na reunião seguinte
São muitas malas, mais de vinte
Te afasta de mim
Pois quero novas Vales

Vendidas por nada
Descartadas do Michê folhetim



quarta-feira, 23 de março de 2016

FUNCIONÁRIA DO PIG DENUNCIA ESTADO DE EXCEÇÃO



Do Tijolaço

A matéria foi publicada sem uma explicação, sem uma indignação, sem um protesto.

Para “cumprir tabela” da liberdade que está sendo atropelada.

Não pelos “bolivarianos”, mas pelos beleguins de Sério Moro.

O relato, publicado por uma repórter do Estadão, sob nome fictício, sem uma linha de protesto do jornal.

Só muitas horas mais tarde o jornal assumiu o nome de sua profissional, provavelmente por insistência dela prórpai e da redação, envergonhada pela covadia.

O Estadão nem sequer merece os versos de Camões e os doces das receitas que estampava na época da (outra) ditadura.

Nojo profundo.

E aviso: na minha porta são serão tratados como agentes do Estado.

Serão tratados como o que estão consentindo ser: agentes da Gestapo.

O dia em que a PF bateu na minha porta

Luciana Amaral ,antes identificada com nome fictício no Estadão

Hoje de manhã fui acordada com batidas na porta do meu apartamento e um sonoro: “Polícia Federal, abre a porta”. Como jornalista, já cobri várias operações da PF, mas nunca pensei que acabaria incluída em uma delas.
Ainda sonolenta, não sabia bem ao certo que horas eram. Meu cachorro acordou assustado e foi ver quem era. E eu continuava tentando entender o que acontecia. Pensava se não estava sonhando com o noticiário do dia a dia.
Só que as batidas continuavam. Assim como o insistente: “PF, abre a porta agora. Temos um mandado de busca e apreensão nesse endereço.” Não conseguia acreditar. Logo eu, que, como diz o ditado, nunca matei uma formiga e não gosto de escancarar minhas preferências políticas, apesar de, por ofício, precisar apurar casos de corrupção envolvendo políticos.
Sem saber como agir ou se aquilo era realidade, interfonei para o porteiro. Em resposta, ouvi: “É verdade. É a PF. Você vai ter que abrir.” Ok, fazer o quê? Quem não deve, não teme. Abri a porta ainda com a roupa de dormir e lá estavam três agentes da PF, dois do Paraná e um de São Paulo ­ nenhum japonês ­ além de duas pessoas do condomínio, como testemunhas. Os policiais se apresentaram e falaram que estavam ali a mando do juiz Sérgio Moro, como parte das investigações da Lava Jato. Li o mandado. Percebi que estavam atrás, principalmente, de dinheiro vivo.
Eu nem tinha tido tempo de abrir o jornal e saber da nova etapa da operação, nem dos atentados na Bélgica. Eu só conseguia pensar “Logo eu? Logo eu?”.
Atendi a porta. “Ok, podem entrar, mas pelo menos me deixem trocar de roupa.” Fui para o quarto, me arrumei e fui ver no que a visita ia dar.
Depois de fazerem festinhas com o meu cachorro, começaram o questionário. Agora, com tom de voz mais baixo. ­ Há quanto tempo você mora aqui?, perguntaram. ­
Um mês e meio, é alugado, respondi. ­
Com o que trabalha? ­
Sou jornalista
­ De onde?, quiseram saber. ­
Do Estadão. ­
Você cobre a Lava Jato? ­
Não, estou na editoria de Política agora, mas já cobri operações da PF em Brasília. ­
Você é de Brasília?
Tem informações privilegiadas da Lava Jato? ­
Não. ­
Você tem parentes políticos, ministros ou ligados a empreiteiras? ­
Não. ­ Você tem algum cofre aqui em casa?
Neste momento, apenas ri.
Depois de mais algumas perguntas e respostas, sempre me explicando o passo a passo da ação deles ali, os agentes pediram para abrir os armários do quarto. Deixei. Como não havia nada de excepcional para ver, logo voltamos para a sala. Papelada assinada, notificando que nada constava naquele endereço. Disseram que iriam atrás do antigo locatário: “Esse vai ser investigado.” Conversamos ainda um pouco sobre a situação política do País, a vizinhança do prédio e a viagem dos policiais paranaenses até São Paulo. Falaram para eu tirar o cachorrinho da varanda. “Não deixa ele preso lá não, tadinho. Ele deve estar estranhando todo esse povo na casa dele.” Se despediram de mim. ­
Gente, vamos embora que ela tem que trabalhar.
 Muito bem. Eu tinha mesmo que trabalhar. Desejo que a investigação siga o seu rumo. Mas uma coisa é certa: este dia vai ficar marcado como o dia em que caí na Lava Jato. De paraquedas.

PS. Veja aqui como o texto foi originalmente publicado com nome ficticio:
ficticio

domingo, 13 de março de 2016

MÚSICA DO DIA


 Classe Média
Max Gonzaga  

 Sou classe média
Papagaio de todo telejornal
Eu acredito
Na imparcialidade da revista semanal
Sou classe média
Compro roupa e gasolina no cartão
Odeio "coletivos"
E vou de carro que comprei a prestação
Só pago impostos
Estou sempre no limite do meu cheque especial
Eu viajo pouco, no máximo um pacote cvc tri-anual
Mas eu "to nem ai"
Se o traficante é quem manda na favela
Eu não "to nem aqui"
Se morre gente ou tem enchente em itaquera
Eu quero é que se exploda a periferia toda
Mas fico indignado com estado quando sou incomodado
Pelo pedinte esfomeado que me estende a mão
O pára-brisa ensaboado
É camelo, biju com bala
E as peripécias do artista malabarista do farol
Mas se o assalto é em moema
O assassinato é no "jardins"
A filha do executivo é estuprada até o fim
Ai a mídia manifesta a sua opinião regressa
De implantar pena de morte, ou reduzir a idade penal
E eu que sou bem informado concordo e faço passeata
Enquanto aumenta a audiência e a tiragem do jornal
Porque eu não "to nem ai"
Se o traficante é quem manda na favela
Eu não "to nem aqui"
Se morre gente ou tem enchente em itaquera
Eu quero é que se exploda a periferia toda
Toda tragédia só me importa quando bate em minha porta
Porque é mais fácil condenar quem já cumpre pena de vida

 

sexta-feira, 4 de março de 2016

O PAI DA VERDADE É A HISTÓRIA E NÃO A AUTORIDADE

Porta do Instituto Lula registra a farsa da democracia brasileira

Dos Advogados para a Democracia

Neste 4 de março, o país assistiu ao avanço mais antidemocrático e reacionário registrado nos últimos tempos.

Diante de um cenário hipócrita e miserável sob o ponto de vista das relações institucionais e de poder um ex-presidente foi levado a depor coercitivamente pela Polícia Federal sem embasamento legal para tanto. A democracia brasileira assistiu a um sequestro realizado pelo Estado.

Com a celebração dos velhos donos do país e da oposição, tristemente, representada pelo Partido da Imprensa Golpista com tal ação, o Estado Democrático de Direito foi golpeado fortemente.

É inadmissível que a lei seja seletiva e processos investigatórios não possuam qualquer privacidade fazendo nascer promiscuidade entre o judiciário e a velha e golpista imprensa.  

A presunção de inocência foi deixada de lado e a espetacularização pejorativa do Estado brasileiro prevaleceu mais uma vez. E tudo com a conivência e participação não apenas do PIG mas também de setores entreguistas da elite bem como do próprio governo, dos inocentes úteis e ignorantes.

O próximo passo é derrubar a presidenta eleita com os votos de 54 milhões de brasileiros.

Mais um golpe, como em outros tristes momentos da nossa história, está definitivamente lançado com as mesmas nefastas características fascistas.

Tudo referente à Lula, Dilma e ao Partido dos Trabalhadores é sinônimo de ódio, preconceito, discriminação e fascismo. Para os golpistas esse pessoal não pode continuar vencendo eleições no voto democrático!

A miséria dessa conclusão é que os que fomentam, lutam, gritam, buzinam, batem panelas e se manifestam pelo golpe não conseguem enxergar que tal ação se voltará mais cedo ou mais tarde contra o país inteiro, inclusive eles.

O rompimento da legalidade não apresenta limites e o Estado passa a ser de exceção promovendo julgamentos e condenações sem que o devido processo legal seja respeitado. 

Diante desse fato, os cidadãos conscientes, responsáveis e que tem compromisso com o futuro do país não podem permanecer inertes. Se realmente os brasileiros querem acabar com a corrupção é necessário que se movimentem no sentido de defender a nossa democracia e o governo legitimamente escolhido pela maioria.

Caso contrário continuaremos assistindo a nossa nação achincalhada e desrespeitada pelos próprios brasileiros.  
A república não é do Moro e de seus desatinos e ilegalidades. Muito menos de FHC e sua turma com a compra de votos para a reeleição e a privataria tucana; de Aécio com seu "helipóptero" e a pista para pousos e decolagens de aviões construído com dinheiro público em fazenda da sua família; de Alckmin do "trensalão" e da máfia da merenda nas escolas; de Maluf procurado pela Interpol; de Cunha e suas contas offshore na Suíça; e tantos outros nefastos representantes, fatidicamente, eleitos.

A República Federativa do Brasil precisa ser definitivamente dos brasileiros. A passividade nesse momento poderá fazer com que o país retroceda socialmente diante das conquistas dos últimos anos.

Partidos políticos e representantes eleitos não podem ser vistos como times de futebol sob pena rigorosa da história na vida de todos nós.

Coletivo Advogados para a Democracia