terça-feira, 30 de novembro de 2010

ESCOLA NACIONAL FLORESTAN FERNANDES RESPONDE A JORNALÃO




Recebi nesta segunda-feira um e-mail da Associação dos Amigos da Escola Nacional Florestan Fernandes (MST), de esclarecimento sobre uma reportagem publicada pelo "jornal" Folha de São Paulo no dia 28 de novembro, segundo a qual a Escola Nacional Florestan Fernandes estaria passando por uma crise financeira devido a restrições impostas aos repasses do governo federal para o movimento.

Como admirador do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, participante da Associação e cidadão que respeita a Constituição Federal do meu país, faço questão de repudiar mais uma vez o desserviço à comunicação social prestado por essa empresa "jornalística" publicando abaixo o esclarecimento:


Diante do exposto, a Associação dos Amigos da Escola Nacional Florestan Fernandes vem a público para esclarecer os fatos e desfazer uma série imensa de equívocos, incrivelmente reproduzidos em tão poucas linhas.

1. A ENFF, desde a sua origem, nunca dependeu de recursos federais, embora seja essa uma demanda legítima, dado que a ela é resultado do esforço concentrado e da mobilização de milhares de cidadãos brasileiros: trabalhadores, trabalhadoras e jovens que aspiram construir um centro de estudos e pesquisas identificado com as necessidades mais prementes dos povos do Brasil, da América Latina e de todo o mundo.

2. Como a própria reportagem esclarece, aliás em total contradição com o afirmado anteriormente, os recursos para a construção da escola foram fornecidos pela União Europeia, pelo MST e pelas ONGs cristãs Caritas (Alemanha) e Frères Des Hommes (França), além de ter contado com recursos assegurados por campanhas com apoio de Chico Buarque, José Saramago e Sebastião Salgado. E mais ainda: a reportagem omite o fato de que a construção da escola, concluída no ano 2005, contou com o trabalho voluntário de cerca de 1.100 brasileiros e brasileiras que entenderam a necessidade premente de uma escola dessa natureza, oriundos e oriundas das mais variadas categorias profissionais e de movimentos sociais. Seus cursos sempre foram ministrados em caráter voluntário, espontâneo e benévolo por mais de seiscentos renomados intelectuais e professores universitários brasileiros e internacionais,

3. Finalmente, a escola não passa por uma crise financeira, como afirma a reportagem, simplesmente por não se tratar de um banco, nem de empresa privada. Sofre, é verdade, carência de recursos econômicos para desenvolver os seus projetos, como sofrem dezenas de milhares de escolas públicas brasileiras e toda e qualquer instituição autônoma, independente e identificada com a luta de nosso povo.

4. Precisamente porque a Escola Nacional Florestan Fernandes não depende de recursos federais, mas confia na capacidade do povo brasileiro de manter o seu funcionamento autônomo, soberano e independente, criou-se a Associação dos Amigos da ENFF, no início de 2010. As campanhas promovidas pela Associação não têm apenas o objetivo de angariar fundos: elas também contribuem para promover o debate sobre a necessidade de que o povo brasileiro construa os seus próprios centros de educação e pesquisa, até para aprimorar sua capacidade de defender-se de ataques insidiosos promovidos com frequência pela mídia patronal, pelos centros universitários que reproduzem as fábulas das classes dominantes e por intelectuais e jornalistas pagos para distorcer os fatos.

São Paulo, 29 de novembro 2010

ASSOCIAÇÃO DOS AMIGOS DA ESCOLA NACIONAL FLORESTAN FERNANDES

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segunda-feira, 29 de novembro de 2010

ACUSADO DE TORTURAR DILMA LEVA VIDA TRANQUILA NO GUARUJÁ

MAIS UMA COMPROVAÇÃO DE QUE OS ARQUIVOS DA DITADURA DEVEM SER ABERTOS PARA QUE ESSE PERÍODO NEFASTO SEJA PASSADO A LIMPO E OS RESPONSÁVEIS POR CRIMES CONTRA A HUMANIDADE PUNIDOS.

Do IG

Acusado pelo Ministério Público Federal de participar da morte de seis presos políticos e torturar outras 20 pessoas, entre elas a presidenta eleita Dilma Rousseff, o tenente-coronel reformado do Exército Maurício Lopes Lima descreve a violência nos porões da ditadura como algo “corriqueiro”. Na mesma semana em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou que o torturador de sua sucessora hoje deve estar se torturando, a reportagem do iG encontrou o militar levando uma vida calma na praia das Astúrias, no Guarujá.

Hoje aposentado, ele fala tranquilamente sobre os acontecimentos relatados em 39 documentos que serviram de base para a ação civil pública ajuizada na 4ª Vara Cível contra ele. Questionado sobre o uso da tortura nos interrogatórios, comentou: “Era a coisa mais corriqueira que tinha”, afirmou. Embora negue ter torturado Dilma, ele admite que teve contato com a presidenta eleita. Diz que na época não podia sequer imaginar que a veria na Presidência. “Se soubesse naquela época que ela seria presidenta teria pedido: ‘Anota meu nome aí. Eu sou bonzinho’”, afirma.

A ação aberta contra Lima e os demais acusados – dois ex-militares e um ex-policial civil - se refere ao período entre 1969 e 1970, quando Lima e outros três acusados integraram a equipe da Operação Bandeirante e do DOI-Codi, ambos protagonistas da repressão política durante a ditadura militar (1964-1985). Entre os documentos, está um depoimento de Dilma à Justiça Militar, em 1970, no qual ela pede a impugnação de Lima como testemunha de acusação, alegando que o então capitão do Exército era torturador e, portanto, não poderia testemunhar.

“Pelos nomes conhece apenas a testemunha Maurício Lopes Lima, sendo que não pode ser considerada a testemunha como tal, visto que ele foi um dos torturadores da Operação Bandeirante", diz o depoimento de Dilma. Na época com 22 anos, a hoje presidenta eleita foi presa por integrar a organização de esquerda VAR-Palmares. No mesmo depoimento Dilma acusa dois homens da equipe de Lima de ameaçá-la de novas torturas quando ela já havia sido transferida para o presídio Tiradentes. Ela teria questionado se eles tinham autorização judicial para estarem ali e recebido a seguinte resposta: “Você vai ver o que é juiz lá na Operação Bandeirante”.

Outros depoimentos deixam mais evidente a ação do militar, como o do frade dominicano Tito de Alencar Lima, o Frei Tito, descreve em detalhes como foi colocado no pau-de-arara e torturado por uma equipe de seis homens liderados por Lima. “O capitão Maurício veio buscar-me em companhia de dois policiais e disse-me: ‘Você agora vai conhecer a sucursal do inferno’”, diz um trecho do depoimento, no qual ele diz ter recebido choques elétricos e “telefones” (tapas na orelha), entre outras agressões.

O então capitão do Exército é acusado também de ter participado da morte de Vírgilio Gomes da Silva, o "Jonas" da ALN, outra organização de esquerda que defendia a luta armada. Líder do sequestro do embaixador dos EUA Charles Elbrick, Virgílio foi assassinado no DOI-Codi, conforme admitiu oficialmente o Exército em 2009. Lima nega todas as acusações. Leia abaixo trechos da entrevista concedida por Lima ao iG:

iG - Como era chegar em casa e pensar que uma moça como a Dilma, de vinte e poucos anos, havia sido torturada?
Lima - Nunca comentei isso com ninguém, mas desenvolvi um processo interessante. Eu não voltava mais para casa, pois achava que podia morrer a qualquer momento. Me isolei dos amigos e das pessoas que gostava. O quanto mais pudesse ficar longe melhor. Era uma fuga.

iG - O senhor fugia do que?
Lima - De uma realidade. Eu sabia que ia morrer. Minha mulher estudava história na USP. Ela soube por terceiros que eu estava no DOI-Codi. As colegas dela todas presas.

iG - Então não era a tortura que o incomodava?
Lima - É como um curso na selva. No primeiro dia você vê cobras em todo canto. No terceiro dia você toma cuidado. Depois do décimo dia passa um cobra na sua frente e você chuta. É adaptação.

iG - Se tornou uma coisa banal?
Lima - Sim.

iG - E hoje em dia o que o senhor pensa daquilo?
Lima - Penso que só é torturado quem quer. Agi certo. Arrisquei minha vida. Não tive medo. Não tremi, não. E não torturei ninguém. Pertenci a uma organização triste, sim. O DOI-Codi, a Operação Bandeirante eram grupos tristes.

iG - O senhor está pesquisando no projeto Brasil Nunca Mais para preparar sua defesa?
Lima - Sim. Primeiro porque não sei quem falou. Uns me citam, outros "ouvi dizer".

iG - O MPF cita sua participação em torturas contra 16 pessoas.
Lima - É. Outro que me deixa fulo da vida é o Diógenes Câmara Arruda (ex-dirigente do PCB preso na mesma época que Dilma). Ele faz a minha ligação como torturador dele e o CCC (Comando de Caça aos Comunistas, grupo de extrema direita que atuou nas décadas de 60 e 70). Eu tinha uma bronca desgraçada do CCC. Me referia a eles como "aqueles moleques chutadores de porta de garagem". É o que eles eram. Nunca tive nada com o CCC.

iG - O senhor também é acusado de participar da morte do Virgílio Gomes da Silva (o "Jonas" da ALN, morto no DOI-Codi em 29 de setembro de 1969).
Lima - Me acusam de ter matado o Virgílio e de ter torturado o filhinho dele (então com quatro meses de idade). Eu não estava lá e demonstro para quem quiser ver (se levanta e pega um livro do Exército com os registros de todas suas mudanças e transferência ao longo da carreira). Isso são minhas folhas de alterações militares. Pode olhar aí. Fui transferido para a Operação Bandeirante no dia 3 de outubro. O Virgílio foi morto no dia 29 de setembro.

iG - Não havia entre os militares a questão moral de que a tortura desrespeita os direitos humanos?
Lima - A tortura diz respeito a direitos humanos e o terrorismo também.

iG - Um erro justifica o outro?
Lima - Estão ligados. Tortura no Brasil era a coisa mais corriqueira que tinha. Toda delegacia tinha seu pau-de-arara. Dizer que não houve tortura é mentira, mas dizer que todo delegado torturava também é mentira. Dependia da índole. As acusações não podem ser jogadas ao léu. Têm que ser específicas. Eu sei quem torturava e não era só no DOI-Codi, era no Dops também. Mas eu saber não quer dizer que eu possa impedir e nem que eu torturasse também. A tortura é válida para trocar tempo por ação.

iG - Quem torturava?
Lima - O maior de todos eles já morreu e não dá para falar dos mortos.

iG - Alguma vez o senhor contestou a prática de tortura no DOI-Codi?
Lima - Não porque existia um responsável maior, o comandante do DOI-Codi. Eu fiz a minha parte. Se eu fosse mandado torturar, não torturaria. Outros não. O Fleury (delegado Sérgio Paranhos Fleury), por exemplo, até dava um sorriso.

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NÓS, OS DERROTADOS




Nos últimos dias a velha mídia nacional tem praticado a costumeira pirotecnia acerca dos conflitos existentes entre policiais, exército e o tráfico de drogas no Rio de Janeiro. Com os mesmos argumentos maniqueístas em manchetes e textos, é possível verificar a venda de uma suposta luta entre o bem (policiais e exército) e o mal (tráfico de drogas).

Vejo pela TV a cobertura de mais esse show midiático e ouço, como num jogo de futebol, comentaristas fazendo suas "apostas" sobre o que irá acontecer no momento seguinte até que um deles convoca a população para comemorar o feito da conquista do território inimigo, ou seja, mais uma vez a questão da violência é tratada de forma absolutamente irresponsável e simplista. Comemorar o que, servidor do PIG!? Acorde e veja a que ponto chegamos. Uma verdadeira guerra entre cidadãos brasileiros se torna entretenimento e o vencedor herói!? Esse herói está a serviço de quem? As respostas certamente estão no alto índice de audiência que o fato é capaz de captar e, a partir daí, engordar os cofres da emissora (concessão pública).

A questão que merece reflexão é a de que vivemos numa sociedade pautada por uma entidade maior com força e vontade próprias: o "deus mercado" (sim, esse deus existe!). Junto a ele o sistema capitalista que tem em suas vísceras, a tão "combatida" violência.

Assim como a morte para todo ser vivo, tal sistema tem como inexorável o objetivo do consumo ilimitado, de tornar a ganância algo aceitável bem como a eterna busca do privilégio e da diferenciação. Nós, seres humanos, fomos adestrados a aceitar o convívio em sociedade baseado em valores materiais e estéticos. Passamos diariamente por um processo de coisificação sendo transportados do mundo do ser para o mundo do ter.

Diante disso, não há nenhum espanto em verificar o crescimento do narcotráfico que passou a tomar o lugar do Estado nos locais onde este não quer chegar. O Estado sob a ética capitalista só reza na bíblia da barbárie! Nos acostumamos com a perversão.Ele assume o papel de conivente com o sistema de poucos e reafirma ideologicamente que a realização nunca é plena e há sempre o que ser conquistado através de muita competição e com isso, obviamente, o fomento do mercado. Não há a percepção de coexistência, apenas o individualismo. Não existe a garantia da dignidade a todos por simples desrespeito ao cidadão gerando marginalidade e miséria. Somos o resultado da mais-valia sofisticada com a máscara da indústria cultural.

Daí surge a verificação inequívoca de que se trata de uma sociedade caótica, sem perspectiva de futuro que empurra novas gerações, literalmente, ao fogo cruzado. O futuro é apenas o da exploração do homem pelo homem.

Para manter seus interesses o PIG e o Estado já comemoram a vitória do seu "bem" que não decide a guerra (ela não pode parar). O sistema capitalista e seus tentáculos não querem, efetivamente, acabar com o tráfico. Ao contrário. Ele continua pronto para reestabelecer novas lideranças que substituam as que foram derrubadas. O importante é que tudo funcione no seu devido lugar sem que se desrespeite fronteiras.

Enquanto o Estado que temos não for revisto, problemas como o do narcotráfico e da violência não terão solução restando aos brasileiros o fingimento de que vivemos numa sociedade saudável e democrática. O que se viu no último final de semana na capital fluminense foi a vitória da hipocrisia.

Não existem vencedores apenas derrotados.

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sábado, 27 de novembro de 2010

CHARGE: O TRÁFICO QUE O PIG NÃO MOSTRA





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TROPA DA MÍDIA




Por Fernando Barros e Silva (articulista da Folha de S. Paulo)

SÃO PAULO – Há um triunfalismo exorbitante na cobertura jornalística dos acontecimentos gravíssimos no Rio de Janeiro. Na sua primeira página de ontem, o jornal “O Globo” estampou, em letras garrafais: “O Dia D da guerra ao tráfico”.

A comparação, ou “semelhança simbólica”, entre a ocupação da Vila Cruzeiro, anteontem, e o desembarque das tropas aliadas na Normandia, impondo a derrota aos nazistas, é um despropósito, um disparate histórico, além de factual.

Vale lembrar: no dia 21 de abril de 2008, o Bope pendurou na parte mais alta da mesma Vila Cruzeiro a sua bandeira preta com a caveira no centro. A tropa de elite da polícia comemorava uma semana de ocupação na favela. Falava-se então na apreensão de “três mil sacolés de cocaína e 480 pedras de crack”. Já vimos, pois, esse filme antes.

O que aconteceu desde então? As coisas agora são diferentes? Parece que sim. A começar pelo emprego de armamentos de guerra e de efetivos das Forças Armadas no cerco ao tráfico. Os bandidos também mudaram de patamar: passaram a patrocinar ações típicas da guerrilha e do terrorismo pela cidade.

Até prova em contrário, esses parecem ser sintomas do agravamento de um problema, e não da sua solução. Curiosamente, o secretário de Segurança do Rio mostra ter mais noção disso do que a mídia.

Por toda parte -TVs, jornais, internet-, há uma tendência compulsiva para transformar a realidade em enredo de “Tropa de Elite 3″, o filme do acerto de contas final. A dramatização meio oficialista e meio ficcional do conflito parece se beneficiar de uma fúria coletiva e sem ressalvas dirigida aos morros, como quem diz: sobe, invade, explode, arregaça, extermina!

É quase possível ouvir no ar o lamento pela ausência de traficantes metralhados diante das câmeras. Até o momento em que escrevo, foram incendiados 99 veículos e mortas 44 pessoas. Quantas eram marginais? Quantas eram só pobres-diabos? E que diferença isso faz?

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sexta-feira, 26 de novembro de 2010

IMAGEM: HOMENAGEM AO TAS

Alguns jornalistas fizeram beicinho porque ficaram de fora da entrevista dos blogueiros com Lula. Um deles foi Marceto Tas que publicou em seu twitter "simpáticas" mensagens como as que se lê abaixo:

@marcelotas Dizem que Lula vai conceder entrevista a "blogueiros". Por que ele só teve essa idéia aos 44 do segundo tempo?
@marcelotas Entrevista de Lula a "blogueiros": um stand-up de Lula para claque de simpatizantes. Uma grande chance perdida, "cumpanhero"
@marcelotas Dar entrevista para simpatizantes é fácil. Perdeste uma grande chance, companheiro Lula!
@marcelotas Lula tentando justificar o Ahmadinejad e o pessoal dando risada. Brincadeira... #lulablogs
@marcelotas Atenção puxa-sacos que comemoram 6 mil de audiência: no CQC temos 30 mil toda semana (MEU SONHO É SER MARCELO TAS QUANDO CRESCER).
@marcelotas Nota 10 p/ idéia da entrevista na web, ZERO p/ quem escolheu apenas simpatizantes. Byebye (@blogplanalto live on http://twitcam.com/2scs4)
@marcelotas Sempre critico Lula com o devido respeito a ele e ao cargo. O argumento dos petistas aqui é "cala a boca!" Significa.

Não fique assim Tas. A entrevista era apenas para blogueiros sujos (denominação dada pelo nada saudoso, e seu candidato, derrotado na eleição) e você é muito limpinho!




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LULA E OS BLOGUEIROS

Não pude assistir a entrevista ao vivo mas acompanhei a gravação postada neste blog.
Apesar dos erros na organização e divulgação do evento entre os blogueiros internamente, não há como deixar de reconhecer que foi um evento histórico e como tal merece algumas reflexões.

Acredito que foi um gol de placa da blogosfera fazendo com que a sua legitimidade se fortaleça e trazendo a perspectiva de que novos encontros como este deverão ocorrer com a nova presidente nos próximos quatro anos. Como diz o ditado: "Onde passa um boi, passa uma boiada".

É preciso ressaltar que não foi um encontro de compadres ou chapa-branca (como alguns membros do PIG tentam vender o evento). Pelo contrário! Poucas vezes na história brasileira um presidente foi questionado sobre assuntos "espinhosos" como as questões da democratização das comunicações (Por que não avançou no seu governo?), do PNH 3 (Por que houve recuo?), das 40 hs semanais (Por que o governo não se empenhou para a aprovação?), dentre outras.

Como de costume, até por ser um político experiente, Lula respondeu a todas com a clareza de sempre e sem qualquer preocupação em reconhecer erros (no caso da pouca votação que o PT obteve no Acre, por exemplo). Uma aula para o demotucano derrotado (o caso da bolinha de papel foi tão grosseiro que caberia o reconhecimento do erro). Mas aí seria pedir demais, afinal a tchurma da antiga ARENA não é adepta à humildade e dignidade.

Além disso, o presidente se mostrou indignado com a situação em que a velha mídia criou com a invenção do mensalão e afirmou que o momento mais triste dos últimos oito anos ocorreu com a parcialidade e irresponsabilidde do PIG na cobertura do acidente da TAM lembrando que à época TVs, jornais e revistas divulgaram editoriais acusando o governo de ter matado 200 cidadãos brasileiros (este "sujo" blogueiro foi testemunha disso ao assistir o programa do "jornalista" Datena em que o apresentador afirmava que Lula era o responsável pelas mortes. E está no ar até hoje! Não precisamos da Lei de Mídia!?).

Lula deixou claro a intenção de ocupar algum cargo referente à política internacional futuramente ao introduzir na entrevista, sem ser perguntado, os bastidores de sua ação na negociação com o Irã.

O "sujo" que vos escreve, enviou algumas contribuições (perguntas) para o evento mas, devido ao formato não houve tempo hábil para que elas fossem realizadas. Mas uma, em especial, gostaria de saber a resposta (quem sabe um dia..):

ANTES DE SER ELEITO PRESIDENTE EM 2002, O SR. AFIRMOU QUE IRIA REVER ALGUMAS PRIVATIZAÇÕES (DENTRE ELAS, A DA VALE) E ASSIM QUE ASSUMIU DISSE SER MELHOR DEIXAR O PASSADO PARA TRÁS. O MESMO OCORRERÁ QUANDO O SR. AFIRMA QUE ASSIM QUE DEIXAR O PALÁCIO DO PLANALTO CONTARÁ COMO OCORREU A TENTATIVA DE GOLPE EM 2005 CONTRA O SEU GOVERNO?

Será que tal testemunho virá ou o "Lulinha paz e amor" se manterá intocável?

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terça-feira, 23 de novembro de 2010

AO VIVO: BLOGUEIROS "SUJOS" ENTREVISTAM LULA



Envie sua pergunta pelo twitter, utilizando a hashtag #lulablogs.

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AS DEZ ESTRATÉGIAS DE MANIPULAÇÃO MIDIÁTICA



O linguista Noam Chomsky elaborou a lista das “10 Estratégias de Manipulação”através da mídia.

DO ADITAL

1. A estratégia da distração. O elemento primordial do controle social é a estratégia da distração, que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elites políticas e econômicas, mediante a técnica do dilúvio ou inundação de contínuas distrações e de informações insignificantes. A estratégia da distração é igualmente indispensável para impedir que o público se interesse pelos conhecimentos essenciais, na área da ciência, da economia, da psicologia, da neurobiologia e da cibernética. “Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por temas sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado; sem nenhum tempo para pensar; de volta à granja com outros animais (citação do texto “Armas silenciosas para guerras tranquilas”).

2. Criar problemas e depois oferecer soluções. Esse método também é denominado “problema-ração-solução”. Cria-se um problema, uma “situação” previsa para causar certa reação no público a fim de que este seja o mandante das medidas que desejam sejam aceitas. Por exemplo: deixar que se desenvolva ou intensifique a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público seja o demandante de leis de segurança e políticas em prejuízo da liberdade. Ou também: criar uma crise econômica para forçar a aceitação, como um mal menor, do retrocesso dos direitos sociais e o desmantelamento dos serviços púbicos.

3. A estratégia da gradualidade. Para fazer com que uma medida inaceitável passe a ser aceita basta aplicá-la gradualmente, a conta-gotas, por anos consecutivos. Dessa maneira, condições socioeconômicas radicalmente novas (neoliberalismo) foram impostas durante as décadas de 1980 e 1990. Estado mínimo, privatizações, precariedade, flexibilidade, desemprego em massa, salários que já não asseguram ingressos decentes, tantas mudanças que teriam provocado uma revolução se tivessem sido aplicadas de uma só vez.

4. A estratégia de diferir. Outra maneira de forçar a aceitação de uma decisão impopular é a de apresentá-la como “dolorosa e desnecessária”, obtendo a aceitação pública, no momento, para uma aplicação futura. É mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrificio imediato. Primeiro, porque o esforço não é empregado imediatamente. Logo, porque o público, a massa tem sempre a tendência a esperar ingenuamente que “tudo irá melhorar amanhã” e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. Isso dá mais tempo ao público para acostumar-se à ideia de mudança e de aceitá-la com resignação quando chegue o momento.

5. Dirigir-se ao público como se fossem menores de idade. A maior parte da publicidade dirigida ao grande público utiliza discursos, argumentos, personagens e entonação particularmente infantis, muitas vezes próximos à debilidade mental, como se o espectador fosse uma pessoa menor de idade ou portador de distúrbios mentais. Quanto mais tentem enganar o espectador, mais tendem a adotar um tom infantilizante. Por quê? “Ae alguém se dirige a uma pessoa como se ela tivesse 12 anos ou menos, em razão da sugestionabilidade, então, provavelmente, ela terá uma resposta ou ração também desprovida de um sentido crítico (ver “Armas silenciosas para guerras tranquilas”)”.

6. Utilizar o aspecto emocional mais do que a reflexão. Fazer uso do aspecto emocional é uma técnica clássica para causar um curto circuito na análise racional e, finalmente, ao sentido crítico dos indivíduos. Por outro lado, a utilização do registro emocional permite abrir a porta de aceeso ao inconsciente para implantar ou enxertar ideias, desejos, medos e temores, compulsões ou induzir comportamentos…

7. Manter o público na ignorância e na mediocridade. Fazer com que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para seu controle e sua escravidão. “A qualidade da educação dada às classes sociais menos favorecidas deve ser a mais pobre e medíocre possível, de forma que a distância da ignorância que planeja entre as classes menos favorecidas e as classes mais favorecidas seja e permaneça impossível de alcançar (ver “Armas silenciosas para guerras tranquilas”).

8. Estimular o público a ser complacente com a mediocridade. Levar o público a crer que é moda o fato de ser estúpido, vulgar e inculto.

9. Reforçar a autoculpabilidade. Fazer as pessoas acreditarem que são culpadas por sua própria desgraça, devido à pouca inteligência, por falta de capacidade ou de esforços. Assim, em vez de rebelar-se contra o sistema econômico, o indivíduo se autodesvalida e se culpa, o que gera um estado depressivo, cujo um dos efeitos é a inibição de sua ação. E sem ação, não há revolução!

10. Conhecer os indivíduos melhor do que eles mesmos se conhecem. No transcurso dosúltimos 50 anos, os avançosacelerados da ciência gerou uma brecha crescente entre os conhecimentos do público e os possuídos e utilizados pelas elites dominantes. Graças à biologia, à neurobiologia e à psicologia aplicada, o “sistema” tem disfrutado de um conhecimento e avançado do ser humano, tanto no aspecto físico quanto no psicológico. O sistema conseguiu conhecer melhor o indivíduo comum do que ele a si mesmo. Isso significa que, na maioria dos casos, o sistema exerce um controle maior e um grande poder sobre os indivíduos, maior do que o dos indivíduos sobre si mesmos.

NUNCA ANTES NA HISTÓRIA DESTE PAÍS....


A frase que Lula utilizou diversas vezes durante os últimos oito anos se confirma mais uma vez.
Nesta quarta-feira (amanhã) o presidente da república concederá a primeira entrevista da história brasileira à blogosfera que será representada pelos blogueiros Altino Machado (Blog do Altino), Altamiro Borges (Blog do Miro), Eduardo Guimarães (Cidadania), Cloaca (Cloaca News), Leandro Fortes (Brasilia Eu Vi), Pierre Lucena (Acerto de Contas), Renato Rovai (Blog do Rovai), Rodrigo Vianna (Escrevinhador) e Túlio Vianna (Blog do Túlio Vianna), dentre outros.

A conversa terá início às 9h da manhã, no Palácio do Planalto, e será transmitida ao vivo pelo Blog do Planalto, e por todos que tiverem interesse em divulgar o evento. Com o objetivo de garantir a interatividade, a coletiva não terá apenas a participação dos presentes mas será aberta aos internautas que poderão enviar questões pelo chat.

O evento tem grande significado não apenas para a blogosfera mas, principalmente, para a demonstração da atenção por parte do governo perante a questão da necessidade da democratização da comunicação social.

Indiscutivelmente será um fato histórico jamais visto na história deste país.

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domingo, 21 de novembro de 2010

CHAUÍ: "A MÍDIA BRASILEIRA É UMA DAS MAIS AUTORITÁRIAS DO MUNDO"




"A guerra se deu entre o preconceito e a verdadeira informação"

Em entrevista à Carta Maior, Marilena Chauí avalia a guerra eleitoral travada na disputa presidencial e chama a atenção para a dificuldade que a oposição teve em manter um alvo único na criação da imagem de Dilma Rousseff: “o preconceito começou com a guerrilheira, não deu certo; passou, então, para a administradora sem experiência política, não deu certo; passou para a afilhada de Lula, não deu certo; desembestou na fúria anti-aborto, e não deu certo. E não deu certo porque a população dispõe dos fatos concretos resultantes das políticas do governo Lula”. Para a professora de Filosofia da USP, essa foi a novidade mais instigante da eleição: a guerra se deu entre o preconceito e a verdadeira informação. E esta última venceu.

Da Carta Maior

Carta Maior: Qual sua avaliação sobre a cobertura da chamada grande mídia brasileira nas eleições deste ano? Na sua opinião, houve alguma surpresa ou novidade em relação à eleição anterior?

Marilena Chauí: Eu diria que, desta vez, o cerco foi mais intenso, assumindo tons de guerra, mais do que mera polarização de opiniões políticas. Mas não foi surpresa: se considerarmos que 92% da população aprovam o governo Lula como ótimo e bom, 4% o consideram regular, restam 4% de desaprovação a qual está concentrada nos meios de comunicação. São as empresas e seus empregados que representam esses 4% e são eles quem têm o poder de fogo para a guerra.

O interessante foi a dificuldade para manter um alvo único na criação da imagem de Dilma Rousseff: o preconceito começou com a guerrilheira, não deu certo; passou, então, para a administradora sem experiência política, não deu certo; passou, então, para a afilhada de Lula, não deu certo; desembestou na fúria anti-aborto, e não deu certo. E não deu certo porque a população dispõe dos fatos concretos resultantes das políticas do governo Lula.

Isso me parece a novidade mais instigante, isto é, uma sociedade diretamente informada pelas ações governamentais que mudaram seu modo de vida e suas perspectivas, de maneira que a guerra se deu entre o preconceito e a verdadeira informação.

CM: Passada a eleição, um dos debates que deve marcar o próximo período diz respeito à regulamentação do setor de comunicação. Como se sabe, a resistência das grandes empresas de mídia é muito forte. Como superar essa resistência?

MC: Numa democracia, o direito à informação é essencial. Tanto o direito de produzir e difundir informação como o direito de receber e ter acesso à informação. Isso se chama isegoria, palavra criada pelos inventores da democracia, os gregos, significando o direito emitir em público uma opinião para ser discutida e votada, assim como o direito de receber uma opinião para avaliá-la, aceitá-la ou rejeitá-la.

Justamente por isso, em todos os países democráticos, existe regulamentação do setor de comunicação. Essa regulamentação visa assegurar a isegoria, a liberdade de expressão e o direito ao contraditório, além de diminuir, tanto quanto possível, o monopólio da informação.

Evidentemente, hoje essa regulamentação encontra dificuldades postas pela estrutura oligopólica dos meios, controlados globalmente por um pequeno número de empresas transnacionais. Mas não é por ser difícil, que a regulamentação não deve ser estabelecida e defendida. Trata-se da batalha moderna entre o público e o privado.

CM: Você concorda com a seguinte afirmação: “A mídia brasileira é uma das mais autoritárias do mundo”?

MC: Se deixarmos de lado o caso óbvio das ditaduras e considerarmos apenas as repúblicas democráticas, concordo.

CM: Na sua opinião, é possível fazer alguma distinção entre os grandes veículos midiáticos, do ponto de vista de sua orientação editorial? Ou o que predomina é um pensamento único mesmo.

MC: As variações se dão no interior do pensamento único, isto é, da hegemonia pós-moderna e neoliberal. Ou seja, há setores reacionários de extrema direita, setores claramente conservadores e setores que usam “a folha de parreira”. A folha de parreira, segundo a lenda, serviu para Adão e Eva se cobrirem quando descobriram que estavam nus.

Na mídia, a “folha de parreira” consiste em dar um pequeno e controlado espaço à opinião divergente ou contrária à linha da empresa. Às vezes, não dá certo. O caso do Estadão contra Maria Rita Kehl mostra que uma vigorosa voz destoante no coral do “sim senhor” não pode ser suportada.

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sábado, 20 de novembro de 2010

DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA




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O CAMINHO DA DEMOCRATIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO SOCIAL


Mais um evento que fomenta a necessidade da Lei de Mídia

O congresso das rádios comunitárias de São Paulo

Da Rede Brasil Atual

Nos dias 26 e 27 de novembro será realizado na cidade de Rio Claro, interior de São Paulo, o 2º Congresso Estadual da Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária (Abraço). O evento será conduzido pelas discussões em torno da democratização da comunicação e também no fortalecimento da radiodifusão. Só no estado de São Paulo, são 600 rádios comunitárias autorizadas, em operação.

Para Jerry Oliveira, coordenador nacional da Abraço, a realização do congresso acontece em um período importante para comunicação no Brasil, em que discussões sobre a regulamentação do setor envolvem diversos atores da sociedade, com diferentes opiniões. "Estamos vivendo um momento crítico e decisivo, no qual a rádio comunitária é protagonista", comemora.

Entretanto, ele aponta que é necessário que as rádios comunitárias organizem-se para que possam, junto ao novo governo e ao Congresso Nacional, acompanhar e reivindicar um novo projeto para a comunicação no país. E, posteriormente, articular com os veículos voltados a interesses sociais, açõe conjuntas para combater o que chama de "monopólios midiáticos".

"A gente precisa colocar as rádios comunitárias nas ruas, para defender a posição de que o Brasil precisa de uma outra comunicação. Este é o objetivo do congresso", afirma Oliveira.

No evento, serão escolhidos os delegados que representarão a Abraço/SP no congresso de radiodifusão de âmbito nacional, a ser realizado no mês de dezembro. Além de concretizar a regularização da entidade, estatutariamente, com a eleição de nova diretoria para os próximos três anos.

Confira a programação:

Dia 26 de Novembro de 2010

19:00 horas - Abertura

- Representante da Abraço Nacional

- Representante da Câmara de Vereadores de Rio Claro

- Representante da Prefeitura Municipal de Rio Claro

- Deputada Federal Luiza Erundina

20:00 horas - Painel

Os meios de comunicação voltados para a luta dos trabalhadores

- Representante das TVs Comunitárias

- Representante do Jornal dos Trabalhadores (rede Abraço/CUT)

- Representante do Jornal Brasil de Fato

- Representante da TV dos Trabalhadores

- Representante da Revista do Brasil

- Representante do Centro de Estudos de Mídia Barão de Itararé

Dia 27 de Novembro

09:00 às 09:30 horas.

Credenciamento

09:30 horas - Painel

A situação da radiodifusão comunitária no Brasil:

Em debate: canalização do espectro de radiofreqüências, direito autoral (ECAD), procedimentos de análise de processos do Ministério das Comunicações, fiscalizações e multas.

- ABRAÇO/SP

- Representante da Anatel

- Representante Ministério das Comunicações

- Representante Escritório de Arrecadação do ECAD

- Intervozes

Debate em Plenária

12:00 horas – Almoço

13:30 horas – Leitura e aprovação dos estatutos da Abraço/SP

15:00 horas – Eleição e posse da nova diretoria da Abraço/SP

15:30 horas - Intervalo para café

16:00 horas – Eleição de delegados para o VII Congresso Nacional da Abraço

17:00 horas – Encerramento

O Congresso da Abraço será realizado na escola Estadual Paulo Koelle, na Rua 12, nº 867, Centro, Rio Claro SP. As emissoras comunitárias interessadas deverão se inscrever pelos seguintes e-mails: jerry.deoliveira@hotmail.com; abracosaopaulo@hotmail.com

Mais informações pelo blog: http://www.abracosp.blogspot.com ou pelos telefones: (19) 3739 4600 e (19) 9731 7632.

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sexta-feira, 19 de novembro de 2010

VÍDEO: ODE À CLASSE MÉDIA

Uma singela homenagem à conservadora classe mé(r)dia brasileira na voz de Max Gonzaga:

Classe Média (Max Gonzaga)

Sou classe média
Papagaio de todo telejornal
Eu acredito
Na imparcialidade da revista semanal
Sou classe média
Compro roupa e gasolina no cartão
Odeio “coletivos”
E vou de carro que comprei a prestação
Só pago impostos
Estou sempre no limite do meu cheque especial
Eu viajo pouco, no máximo um pacote cvc tri-anual
Mais eu “to nem ai”
Se o traficante é quem manda na favela
Eu não “to nem aqui”
Se morre gente ou tem enchente em itaquera
Eu quero é que se exploda a periferia toda
Mas fico indignado com estado quando sou incomodado
Pelo pedinte esfomeado que me estende a mão
O pára-brisa ensaboado
É camelo, biju com bala
E as peripécias do artista malabarista do farol
Mas se o assalto é em moema
O assassinato é no “jardins”
A filha do executivo é estuprada até o fim
Ai a mídia manifesta a sua opinião regressa
De implantar pena de morte, ou reduzir a idade penal
E eu que sou bem informado concordo e faço passeata
Enquanto aumenta a audiência e a tiragem do jornal
Porque eu não “to nem ai”
Se o traficante é quem manda na favela
Eu não “to nem aqui”
Se morre gente ou tem enchente em itaquera
Eu quero é que se exploda a periferia toda
Toda tragédia só me importa quando bate em minha porta
Porque é mais fácil condenar quem já cumpre pena de vida


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AO VIVO: SEMINÁRIO "NOVAS MÍDIAS E AS POSSIBILIDADES DE INCLUSÃO DIGITAL"

Clique aqui para assistir.

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quinta-feira, 18 de novembro de 2010

VÍDEOS SENSACIONAIS: SENADORA COLOCA REACIONÁRIO NO SEU DEVIDO LUGAR

A senadora Ideli Salvati (PT-SC) repudiou na tribuna do Senado, a manifestação preconceituosa de um "jornalista" da RBS de Santa Catarina (afiliada da, concessão pública, Globo).
Parabéns à senadora Ideli pela dignidade de sempre!





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O PIG E O "PROCESSO" DE DILMA

O jornalão Folha de São Paulo (aquela mesma que chamou a ditadura militar de ditabranda) tentou ter acesso ao processo que levou Dilma Rousseff à prisão em 1970, durante o nefasto governo militar antes da definição eleitoral deste ano. A intenção seria a de continuar com o baixo nível da campanha publicando informações sobre o passado de luta pela democracia que a, agora presidente, possui tentando vender a ideia de que trata-se de uma guerrilheira sanguinária  (além de matadora de criancinhas, segundo a esposa do candidato derrotado) e que seria muito perigoso eleger uma pessoa com esse perfil para o cargo mais importante  da república. Se ela junto ao PIG já fizeram isso sem ter acesso ao processo, podemos imaginar o que teriam feito com o processo em mãos. Claro que, como de costume, a velha mídia utilizaria o discurso de que estaria fazendo simplesmente um "seríssimo" trabalho "jornalístico" e de "informação pública". Mas o fato é que essa tentativa não deu certo. Independente disso, o seu pedido de acesso ao processo continuou junto ao Superior Tribunal Militar que autorizou na última terça-feira por 10 votos a 1, o acesso amplo e irrestrito à tão aguardada "papelada".
Diante desse fato, algumas moscas advindas do chiqueiro rondam meus poucos neurônios e me fazem refletir sobre algumas questões:

Primeira. Onde fica o direito à inviolabilidade da vida privada da cidadã Dilma? Onde está nesse momento a defesa veemente da Dra Tais Gasparian (advogada da Folha no caso) demonstrada em uma de suas apresentações que assisti, como aluno, no curso de pós-graduação em direito do entretenimento e da comunicação social na escola superior de advocacia da OAB/SP em 2008? Talvez a resposta esteja nas palvaras da própria doutora que afirmou ser “Lamentável que o pedido [da Folha ao STM] tenha sido deferido após as eleições”. Lamentável por que? Seria apenas mais uma utilização política do processo na tentativa de reverter o quadro de derrota do candidato/amigo da velha mídia?

Segunda. Apagar o escândalo que foi a publicação da ficha falsa da Dilma se tornando uma das maiores "barrigas" já ocorridas na imprensa mundial, vendendo a ideia de que o processo mostra que ela não era falsa?

Terceira. Essa empresa quer reestabelecer a legitimidade das práticas do regime militar a que ela, não por acaso, serviu com devoção e fidelidade de diversas maneiras? Desde o apoio ao golpe em 64, passando pela indigna atitude de ceder os carros de reportagem para transportar torturadores e suas vítimas até transformar seus meios de comunicação em instrumentos da repressão e da ocultação de crimes hediondos. E como se isso não bastasse, com o final do regime de exceção, hipocritamente, posa de perseguida pela censura.

Quarta. Trata-se de um aviso à presidente eleita de que o terceiro turno está só começando?

Quinta. A Folha quer utilizar de todas as armas possíveis contra a democratização da comunicação social brasileira via Lei de Mídia?

Sexta.  Por que uma empresa de comunicação não luta pela ampla abertura dos arquivos da ditadura militar para que seja possível à sociedade passar a sua história a limpo podendo seguir rumo à prática efetiva da democracia ao invés de querer informações apenas sobre a vida de Dilma? Talvez a Folha apareça abraçada aos torturadores em algum desses arquivos, caindo de vez a máscara?

Sétima. A Folha e, obviamente, toda a monarquia midiática tupiniquim utilizarão as informações contidas num processo realizado por torturadores que tomaram de assalto o Estado, com o discernimento de não atingir a honra e a imagem das pessoas que nele figuram?

Conhecendo o histórico da ditadura nos meios de comunicação que desde sempre afronta a Constituição brasileira, não há como deixar de reconhecer que trata-se de uma atitude que preocupa a nossa jovem democracia reforçando a necessidade do debate sobre a criação da Lei de Mídia e o fim do vergonhoso monopólio midiático nacional.

Fiquemos atentos.

Democracia neles!

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

"A ORDEM ECONÔMICO-FINANCEIRA ESTÁ COLAPSANDO"


Da Carta Maior

A recente reunião do G-20 em Seul foi um fracasso e mostrou que a ordem econômico-financeira criada no final da Segunda Guerra Mundial está colapsando, indicando no horizonte a eclosão de graves conflitos comerciais e monetários. Por toda a parte, os cidadãos vão sendo bombardeados pelas mesmas ideias de crise, de tempo de austeridade, de sacrifícios compartilhados. O que não é dito é que a crise foi provocada por um sistema financeiro desregulado, chocantemente lucrativo e tão poderoso que, no momento em que explodiu e provocou um imenso buraco financeiro na economia mundial, conseguiu convencer os Estados (e, portanto, os cidadãos) a salvá-lo da bancarrota e a encher-lhe os cofres sem lhes pedir contas. O artigo é de Boaventura de Sousa Santos.

A recente reunião do G-20 em Seul foi um fracasso total. Chegou a ser constrangedora a perda de credibilidade dos EUA, como suposta economia mais poderosa do mundo, e o modo como tentaram acusar a China de comportamentos monetários afinal tão protecionistas quanto os dos EUA. A reunião mostrou que a “ordem” econômico-financeira, criada no final da Segunda Guerra Mundial e já fortemente abalada depois da década de 1970, está a colapsar, sendo de prever a emergência de conflitos comerciais e monetários graves. Mas curiosamente estas divergências não têm eco na opinião pública mundial e, pelo contrário, um pouco por toda a parte os cidadãos vão sendo bombardeados pelas mesmas ideias de crise, de tempo de austeridade, de sacrificos repartidos. Há que analisar o que se esconde por detrás deste unanimismo.

Quem tomar por realidade o que lhe é servido como tal pelos discursos das agências financeiras internacionais e da grande maioria dos Governos nacionais nas diferentes regiões do mundo tenderá a ter sobre a crise econômica e financeira e sobre o modo como ela se repercute na sua vida as seguintes ideias: todos somos culpados da crise porque todos, cidadãos, empresas e Estado, vivemos acima das nossas posses e endividamo-nos em excesso; as dívidas têm de ser pagas e o Estado deve dar o exemplo; como subir os impostos agravaria a crise, a única solução será cortar as despesas do Estado reduzindo os serviços públicos, despedindo funcionários, reduzindo os seus salários e eliminando prestações sociais; estamos num periodo de austeridade que chega a todos e para a enfrentar temos que aguentar o sabor amargo de uma festa em que nos arruinamos e agora acabou; as diferenças ideológicas já não contam, o que conta é o imperativo de salvação nacional, e os políticos e as políticas têm de se juntar num largo consenso, bem no centro do espectro político.

Esta “realidade” é tão evidente que constitui um novo senso comum. E, no entanto, ela só é real na medida em que encobre bem outra realidade de que o cidadão comum tem, quando muito, uma ideia difusa e que reprime para não ser chamado ignorante, pouco patriótico ou mesmo louco. Essa outra realidade diz-nos o seguinte. A crise foi provocada por um sistema financeiro empolado, desregulado, chocantemente lucrativo e tão poderoso que, no momento em que explodiu e provocou um imenso buraco financeiro na economia mundial, conseguiu convencer os Estados (e, portanto, os cidadãos) a salvá-lo da bancarrota e a encher-lhe os cofres sem lhes pedir contas. Com isto, os Estados, já endividados, endividaram-se mais, tiveram de recorrer ao sistema financeiro que tinham acabado de resgatar e este, porque as regras de jogo não foram entretanto alteradas, decidiu que só emprestaria dinheiro nas condições que lhe garantissem lucros fabulosos até à próxima explosão. A preocupação com as dívidas é importante mas, se todos devem (famílias, empresas e Estado) e ninguém pode gastar, quem vai produzir, criar emprego e devolver a esperança às famílias?

Neste cenário, o futuro inevitável é a recessão, o aumento do desemprego e a miséria de quase todos. A história dos anos de 1930 diz-nos que a única solução é o Estado investir, criar emprego, tributar os super-ricos, regular o sistema financeiro. E quem fala de Estado, fala de conjuntos de Estados, como a União Europeia e o Mercosul. Só assim a austeridade será para todos e não apenas para as classes trabalhadoras e médias que mais dependem dos serviços do Estado.

Porque é que esta solução não parece hoje possível? Por uma decisão política dos que controlam o sistema financeiro e, indiretamente, os Estados. Consiste em enfraquecer ainda mais o Estado, liquidar o Estado de bem-estar onde ele ainda existe, debilitar o movimento operário ao ponto de os trabalhadores terem de aceitar trabalho nas condições e com a remuneração unilateralmente impostas pelos patrões. Como o Estado tende a ser um empregador menos autônomo e como as prestações sociais (saúde, educação, pensões, previdencia social) são feitas através de serviços públicos, o ataque deve ser centrado na função pública e nos que mais dependem dos serviços públicos. Para os que neste momento controlam o sistema financeiro é prioritário que os trabalhadores deixem de exigir uma parcela decente do rendimento nacional, e para isso é necessário eliminar todos os direitos que conquistaram depois da Segunda Guerra Mundial. O objetivo é voltar à política de classe pura e dura, ou seja, ao século XIX.

A política de classe conduz inevitávelmente à confrontação social e à violência. Como mostram bem a recentes eleições nos EUA, a crise econômica, em vez de impelir as divergências ideológicas a dissolverem-se no centro político, agrava-as e empurra-as para os extremos. Os políticos centristas (em que se incluem os políticos que se inspiraram na social democracia europeia) seriam prudentes se pensassem que na vigência do modelo que agora domina não há lugar para eles. Ao abraçarem o modelo estão a cometer suicídio. Temos de nos preparar para uma profunda reconstituição das forças políticas, para a reinvenção da mobilização social da resistência e da proposição de alternativas e, em última instância, para a reforma política e para a refundação democrática do Estado.

(*) Boaventura de Sousa Santos é sociólogo e professor catedrático da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (Portugal).

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VÍDEO REPUGNANTE: “HOJE QUALQUER MISERÁVEL TEM CARRO”



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segunda-feira, 15 de novembro de 2010

MUITA CALMA NESSA HORA


Antes de Dilma definir nomes para os ministérios do seu governo, o PIG tem fomentado algumas indicações que, sob o seu ponto de vista, seriam interessantes para o seu Brasil (aquele país da monarquia midiática) e um deles é o de Gabriel Benedito Isaac Chalita, que além de advogado se considera "educador".
O "ex"-tucano (foi secretário estadual da educação de São Paulo entre 2002 e 2006), atualmente filiado ao PSB e eleito deputado federal tem sido apontado como um forte nome para assumir o Ministério da Educação a partir de 2011. Isso porque, a velha mídia o considera um gestor agregador e mobilizador das redes de ensino (redes com a "qualidade" que São Pauo tem!) e aproveitando a polêmica criada em torno do ENEM, Chalita seria "o cara" para promover mudanças que o PIG entende necessárias.

Penso que a nova presidente deve tomar cuidado ao indicar o nome de todos os ministros e, em especial, o da educação. Longe de ver Fernando Haddad (atual ministro) como referência de avanço acredito que Chalita nesse cargo seria muito pior. É certo que as inúmeras alianças promovidas durante a campanha irão influenciar na arquitetura do novo governo mas não há motivo para retrocesso em nome da governabilidade (já basta Michel Temer como vice).

É necessário relembrar a atuação do "candidato a ministro" no estado de São Paulo como descrevi acima e inúmeras acusações sobre fraude em licitações, contratos superfaturados e uma impressionante variação patrimonial entre 2008 e 2010 de R$ 5.330.585,62 (acréscimo de 75,7%), conforme se lê no portal Transparência Brasil dentre otras cositas más.

Não obstante, vale ressaltar também que em 2008 o deputado estadual Roberto Felício (PT/SP) entregou uma representação ao Ministério Público denunciando, à época, o tucano por crimes contra a ordem tributária e de lavagem de dinheiro, como se pode verificar no documento abaixo:


EXCELENTÍSSIMA PROCURADORA CHEFE DO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL EM SÃO PAULO, DRª ADRIANA ZAWADA MELO

ROBERTO FELÍCIO, deputado estadual, líder da bancada do Partido dos Trabalhadores na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, vem a V. Exª oferecer


REPRESENTAÇÃO


com vistas a que se proceda à apuração de crimes contra a ordem tributária e de lavagem de dinheiro, em tese praticados por GABRIEL BENEDITO ISSAAC CHALITA ao tempo em que ocupou os cargos de Secretário da Educação e Secretário da Juventude no Estado de São Paulo, no período de 2001 a 2005, com base nos seguintes fatos que passa a expor.

FATOS

O jornal Estado de São Paulo trouxe, na sua edição de 12 de setembro de 2008 (Doc. 1), a reportagem abaixo reproduzida, de autoria do jornalista Eduardo Reina (*1):

“Chalita omite em declaração de bens editora de R$ 10 mi
Eduardo Reina

Candidato a vereador, ex-secretário nega irregularidade e diz que empreendimento não rendeu ‘nenhum tostão’

Candidato a vereador pelo PSDB, o ex-secretário de Educação Gabriel Chalita não informou à Receita Federal nem apontou nas declarações públicas de bens - obrigatórias para quem ocupa cargo na administração pública - que foi dono da Raiz Editora Ltda. Enquanto passou pelas Secretarias da Juventude e da Educação, entre 2001 e 2006, Chalita teve de apresentar oito declarações de bens. Em nenhuma delas citou a Raiz.

A empresa, com sede na Avenida Paulista, foi aberta em 23 maio de 1994 e tinha capital social de R$ 10 milhões. Em 1999, foi considerada inapta pela Receita, por não ter sido localizada pelos fiscais, mas só foi fechada em 13 de julho de 2004. Chalita tinha 50% do capital da empresa (R$ 5 milhões) e seu sócio, o argentino Adolfo Ernesto Schumucker, a outra metade.

De acordo com a Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990, a omissão ou falsa declaração de bens e patrimônio caracteriza crime contra a ordem tributária. A pena para esse tipo de crime varia de 2 a 5 anos de reclusão, além de multa.
“Isso é uma bobagem tão grande”, reagiu Chalita. “Não sei como vocês (imprensa) perdem tempo com isso. Não consigo entender. Isso é o de irregular que tenho na minha vida. Advogados me disseram que não precisava declarar porque não recebi nenhum tostão com a editora.” Ele contou que conheceu o sócio Schumucker em 1994 e juntos idealizaram uma grande editora, que foi criada no papel, mas nunca teria funcionado. “Eu nem me lembrava dessa empresa. Nunca gerou um tostão e encerramos a editora depois de muito tempo”, explicou.

No entanto, em 1994, a Raiz lançou Mulheres que Mudaram o Mundo, um dos livros escritos por Chalita. “Esse livro tinha saído como custo ou ganho. Não me lembro como foi feito”, afirmou o ex-secretário. “Não tenho nada a esconder. Qualquer juiz com o mínimo de bom senso verá que nunca entrou dinheiro na editora, por isso não teria o que declarar. Foi o que explicaram meus advogados e meu contador.”

Segundo o tributarista Raul Haidar, mesmo que a empresa não tenha gerado lucro, a legislação prevê que seja feita a declaração ao Imposto de Renda. “Se você omite alguma informação, como vai ser apurada a evolução patrimonial?”, argumentou.”
Em razão da reportagem, esta Liderança determinou à assessoria técnica que promovesse ampla investigação a respeito. Restou apurado que o Representado é sócio da empresa RAIS EDITORES LTDA. (*2), como comprova ficha de breve relato emitida em 14 de julho de 2008 (Doc. 2), a qual apresenta as seguintes informações:
“Data da constituição: 19/05/1994
Início das atividades: 03/05/1996
CNPJ – não consta –
Inscrição estadual - não consta
Capital: R$ 10 milhões
Endereço: Av. Paulista, , 726, loja 206 – São Paulo – SP
Objeto: Edição de livros e manuais”
Os sócios da empresa são os abaixo elencados. Note-se que há divergência na grafia do nome do Representado, a despeito de os números de inscrição no RG e no CPF e demais dados corresponderem ao próprio. Na ficha de breve relato consta como segundo Alnedito, quando o correto é Benedito.
“Sócios:
Gabriel Alnedito Issaac Chalita – CPF 126.457.628-59, RG/ RNE 13.718.212, residente à rua Rodésia, 161, Vila Madalena, em São Paulo (SP), com participação na sociedade de R$ 5 milhões.

Adolfo Ernesto Schmucker, argentino, CPF 128.852.708-02, RG/RNE W 642734U, residente à Alameda Fernão Cardin, 173, apto 14, em S. Paulo (SP), com participação na sociedade de R$ 5 milhões.”

O distrato social da empresa, firmado em 15/06/2004, revela que o Representado assumiu a responsabilidade pela guarda dos livros e documentos da empresa, apontando como endereço a rua Rodésia, nº 161, Vila Madalena, em S. Paulo (SP) – o mesmo indicado como sendo de sua residência.

Constituída em maio de 1994, começou suas atividades em maio de 1996 e somente foi dissolvida em junho de 2004.

Outra divergência: RAIZ com Z no final, ao invés de S

Na ficha de breve relato, a empresa está registrada como RAIS EDITORES LTDA., com s no final do primeiro nome.

Na mencionada reportagem consta que o Representado editou em 1994 um de seus livros, intitulado “Mulheres que Mudaram o Mundo”, pela RAIZ EDITORES LTDA, conforme atestam cópias de suas capa e contra-capa e das páginas 2 e 3 (Doc. 3)(*3).

A partir desta informação, acessamos, no sítio da Receita Federal, a situação cadastral da empresa RAIZ EDITORES LTDA., CNPJ 00.008.238/0001-63 (Doc. 4) e abaixo reproduzida, na qual consta como inapta, em razão de ser considerada empresa omissa e não localizada.



Empresa foi sonegada das declarações públicas de bens

Na reportagem mencionada, o Representado confirma que tinha participação acionária na RAIZ EDITORES LTDA e confessa que não a declarou, conforme reprodução de suas afirmações ao jornal O Estado de São Paulo:
“Isso é uma bobagem tão grande”, reagiu Chalita. “Não sei como vocês (imprensa) perdem tempo com isso. Não consigo entender. Isso é o de irregular que tenho na minha vida. Advogados me disseram que não precisava declarar porque não recebi nenhum tostão com a editora.” Ele contou que conheceu o sócio Schumucker em 1994 e juntos idealizaram uma grande editora, que foi criada no papel, mas nunca teria funcionado. “Eu nem me lembrava dessa empresa. Nunca gerou um tostão e encerramos a editora depois de muito tempo”, explicou.
A despeito de o representado ser titular de 50% do capital da empresa, no qual sua participação era de expressivos R$5 milhões, ele jamais fez constar as cotas em suas declarações públicas de bens em diversas edições do Diário Oficial:



Candidato a vereador pelo PSDB nas eleições municipais de S. Paulo deste ano, 2008, o Representado apresentou a seguinte declaração de bens ao Tribunal Regional Eleitoral referente ao ano-base 2007, extraída do sítio do TRE, que também segue anexa (Doc. 9).



O Representado é sócio de duas outras empresas, que constaram de suas declarações públicas de bens, a saber:

1ª) Educativa Cursos e Palestras Ltda., que já teve por denominação Chalita Serviços Ltda. CNPJ 02.389.262/0001-15, com capital de R$1 mil, em sociedade com Anisse Issaac Chalita, CPF 201.798.388-81, registrada em 19/02/1998, no 4º Cartório de Registros de Pessoas Jurídicas de S. Paulo (Doc. 10);

2ª) Ethos – Projetos Gerenciais, cuja ficha de breve relato da Junta Comercial de S. Paulo (Doc. 11), apresenta as seguintes informações:
“Data da constituição: 16/01/2008
Início das atividades: 21/02/2008
CNPJ – não consta
Inscrição estadual - não consta
Capital: R$ 10 mil
Endereço: Av. Angélica, 2546 – conj. 81-A - São Paulo – SP
Objeto: Regulação das atividades de saúde, educação e serviços culturais

Sócios:
Gabriel Benedito Issaac Chalita – CPF 126.457.628-59, RG/ RNE 13.718.212, residente à rua Rio de Janeiro, 33, apto 201, em São Paulo (SP), com participação na sociedade de R$9.950.

Márcia Cristina de Souza Alviom, CPF 104.565.338-18, RG/RNE 17.163.006, residente à Avenida Angélica, 1189 – apto. A4, em S. Paulo (SP), com participação na sociedade de R$ 50.”
Discrepâncias sobre valor de dúplex declarado

O apartamento dúplex localizado na Rua Rio de Janeiro, nº 33, aptº 201, de propriedade do representado foi adquirido em 22 de junho de 2004, pelo valor de R$1.650.000,00, conforme atesta a certidão vintenária do respectivo imóvel, cuja averbação consta do verso 2, da matrícula 22.903 (Doc. 12).

Contudo, na declaração pública referente ao ano base de 2004 o valor do imóvel foi declarado como sendo R$ 2,1 milhões, ou seja, R$ 450 mil acima do que houvera sido declarado ao cartório de imóveis, acréscimo justificado por reformas introduzidas no imóvel.
Na declaração do ano-base 2007, apresentado ao TRE-SP, o valor do apartamento dúplex salta para R$ 3,5 milhões, ou seja, R$ 1,4 milhão superior à anterior, talvez justificado também por possíveis reformas.

Em três anos, o Representado gastou a cifra exorbitante de R$1,85 milhão com eventuais reformas no apartamento.

Por ocasião da compra desse apartamento, duas notas publicadas pela jornalista Mônica Bérgamo em sua coluna, no jornal Folha de S. Paulo de 07/06/2004 (Doc. 13) e adiante reproduzidas, ensejaram que a deputada estadual Maria Lúcia Prandi representasse ao Ministério Público Estadual (Doc. 14) e ao então governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (Doc. 15), para que apurassem eventuais atos de improbidade praticados pelo ora representado, em razão de apresentar indícios de evolução patrimonial incompatível com seus rendimentos.

Posteriormente, ambas as representações foram arquivadas.

Folha de S. Paulo – 07/06/2004
Coluna da Mônica Bérgamo– Página E2

DOCE LAR 1
Gabriel Chalita, secretário da Educação e um dos mais prestigiados da equipe do governador Geraldo Alckmin, está de casa nova. Ele comprou um deslumbrante dúplex, de 1.500 m2, numa das esquinas mais charmosas de São Paulo, a da rua Rio de Janeiro com a avenida Higienópolis. A cobertura tem até uma piscina e uma das vistas mais lindas da cidade.
O imóvel custa mais de R$ 4,5 milhões. O secretário diz que negociou o preço e deu imóveis que recebeu de herança como parte da negociação.

DOCE LAR 2
Chalita diz que tem uma coleção de 15 mil publicações que vai levar para o lugar.”
Sócio do Representado tem duas outras empresas

O sócio do representando, Adolfo Ernesto Schmukler, tem participação em, pelo menos, duas outras empresas, também consideradas inaptas pela Receita Federal , conforme atestam as certidões que acompanham as respectivas fichas de breve relato emitidas pela Junta Comercial do Estado de S. Paulo, a saber:
Schmukler Editores Comércio, Importação e Exportação Ltda., CNPJ 68.404.607/0001-70 (Doc. 16). Na Receita Federal, o primeiro nome desta empresa está registrado como Schmukier.

Games Books Livros Interativos Ltda. , CNPJ 00.169.923/0001-71 (Doc. 17). Na Receita Federal, o último nome da empresa está registrada como Games Books Livros Internativos Ltda.
Chama a atenção a seqüência de divergências de grafia (“Alnedito” em vez de Benedito; ora “Raiz”, ora “Rais”; e agora “Schmucker”, “Schmukler” e “Schmokler” como nomes de pessoa física, e também “Schmukier” em vez de Schmukler e “Internativos” em vez de Interativos, constantes dos nomes de pessoas jurídicas, o que leva a crer na hipótese de se tratar de expediente para dificultar a pesquisa e não encontrá-los enquanto pessoas físicas e jurídicas.

Além disso, o CPF 128.852.708-02, declarado por Adolfo Ernesto Schmukler nas fichas de breve relato, foi cancelado pela Receita Federal (Doc. 18). Para este mesmo nome, há o CPF 856.082.978-49, tido como regular (Doc. 19).


Evolução patrimonial cresceu 849% entre 2000 e 2007


Impressiona, também, a evolução patrimonial do Representado, conforme se comprova pela planilha anexa (Doc. 20).

Quando de seu ingresso na vida pública, como Secretário Estadual da Juventude, o Representado acumulava bens, em 31/12/1999, num montante de R$741 mil. Em 31/12/2007, esse montante atingiu o valor de R$7,03 milhões, o que representa um crescimento de 849% em sete anos.

PEDIDO

A omissão na declaração de bens, confessada pelo ora representado na reportagem anexa, de uma empresa com capital social de R$10 milhões, da qual participava com R$5 milhões, configura em tese os crimes contra a ordem tributária e de lavagem de dinheiro, além de inconsistências na evolução patrimonial do Representado, que se revelam claras e evidentes.

Assim, no cumprimento do dever de fiscalização que me foi conferido pela população de São Paulo, formulo a presente REPRESENTAÇÃO para que essa Instituição, exemplar e republicanamente comandada por V.Exª, promova a apuração de eventuais crimes de contra a ordem tributária e de lavagem de dinheiro, por ele em tese praticados.

São Paulo, 23 de setembro de 2008
_________________________
ROBERTO FELÍCIO
Deputado estadual

Torço para que Dilma não caia no "conto do vigário".

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sábado, 13 de novembro de 2010

NICOLELIS: SÓ NO BRASIL A EDUCAÇÃO É DISCUTIDA POR COMENTARISTA ESPORTIVO





por Conceição Lemes

Desde o último final de semana, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e o Ministério da Educação (MEC) estão sob bombardeio midiático.

Estavam inscritos 4,6 milhões estudantes, e 3,4 milhões submeteram-se às provas. O exame foi aplicado em 1.698 cidades, 11.646 locais e 128.200 salas. Foram impressos 5 milhões de provas para o sábado e outros 5 milhões para o domingo. Ou seja, o total de inscritos mais de 10% de reserva técnica.

No teste do sábado, ocorreram dois erros distintos. Um foi assumido pela gráfica encarregada da impressão. Na montagem, algumas provas do caderno de cor amarela tiveram questões repetidas, ou numeradas incorretamente ou que faltaram. Cálculos preliminares do MEC indicavam que essa falha tivesse afetado cerca de 2 mil alunos. Mas o balanço diário tem demonstrado, até agora, que são bem menos: aproximadamente 200.

O outro erro, de responsabilidade do Inep, foi no cabeçalho do cartão-resposta. Por falta de revisão adequada, inverteram-se os títulos. O de Ciências da Natureza apareceu no lugar de Ciências Humanas e vice-versa. Os fiscais de sala foram orientados a pedir aos alunos que preenchessem o cartão, de acordo com a numeração de cada questão, independentemente do cabeçalho. Inep é o Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais, órgão do MEC encarregado de realizar o Enem.

“Nenhum aluno será prejudicado. Aqueles que tiveram problemas poderão fazer a prova em outra data”, tem garantido desde o início o ministro da Educação, Fernando Haddad. “Isso é possível porque o Enem aplica a teoria da resposta ao item (TRI), que permite que exames feitos em ocasiões diferentes tenham o mesmo grau de dificuldade.”

Interesses poderosos, porém, amplificaram ENORMEMENTE os erros para destruir a credibilidade do Enem. Afinal, a nota no exame é um dos componentes utilizados em várias universidades públicas do país para aprovação de candidatos, além de servir de avaliação parabolsa do PRO-UNI.

“Só os donos de cursinhos e aqueles que não querem a democratização do acesso à universidade podem ter algo contra o Enem”, afirma, indignado, ao Viomundo o neurocientista Miguel Nicolelis, professor da Universidade de Duke, nos EUA, e fundador do Instituto Internacional de Neurociências de Natal, no Rio Grande do Norte. “Eu vi a entrevista do ministro Fernando Haddad ao Bom Dia Brasil, TV Globo. Que loucura! Como jornalistas que num dia falam de incêndio, no outro, de escola de samba, no outro, ainda, de esporte, podem se arvorar em discutir um assunto tão delicado como sistema educacional? Pior é que ainda se acham entendedores. Só no Brasil educação é discutida por comentarista esportivo!”

Nicolelis é um dos maiores neurocientistas do mundo. Vive há 20 anos nos Estados Unidos, onde há décadas existe o SAT (standart admissions test), que é muito parecido com o Enem. Tem três filhos. Os três já passaram pelo Enem americano.

Viomundo — De um total de 3,4 milhões de provas aplicadas no sábado, houve problema incontornável em menos de 2 mil. Tem sentido detonar o Enem, como a mídia brasileira tem feito? E dizer que o Enem fracassou, como um ex-ministro da Educação anda alardeando?

Miguel Nicolelis — Sinceramente, de jeito algum — nem um nem outro. O Enem é equivalente ao SAT, dos Estados Unidos. A metodologia usada nas provas é a mesma: a teoria de resposta ao item, ou TRI, que é uma tecnologia de fazer exames. O SAT foi criado em 1901. Curiosamente, em outubro de 2005, entre as milhões de provas impressas, algumas tinham problema na barra de códigos onde o teste vai ser lido. A entidade que faz o exame não conseguiu controlar, porque esses erros podem acontecer.

Viomundo — A Universidade de Duke utiliza o SAT?

Miguel Nicolelis — Não só a Duke, mas todas as grandes universidades americanas reconhecem o SAT. É quase um consenso nos Estados Unidos. Apenas uma minoria é contra. E o Enem, insisto, é uma adaptação do SAT, que é uma das melhores maneiras de avaliação de conhecimento do mundo. O teste é a melhor forma de avaliar uniformemente alunos submetidos a diferentes metodologias de ensino. É a saída para homogeneizar a avaliação de estudantes provenientes de um sistema federativo de educação, como o americano e o brasileiro, onde os graus de informação, os métodos, as formas como se dão, são diferentes.

Viomundo — Qual a periodicidade do SAT?

Miguel Nicolelis – Aqui, o exame é aplicado sete vezes por ano. O aluno, se quiser, pode fazer três, quatro, cinco, até sete, desde que, claro, pague as provas. No final, apenas a melhor é computada. Vários estudos feitos aqui já demonstraram que o SAT é altamente correlacionado à capacidade mental geral da pessoa.

Todo ano as provas têm uma parte experimental. São questões que não contam nota para a prova. Servem apenas para testar o grau de dificuldade. Assim, a própria criançada vai ranqueando as perguntas, permitindo a ampliação do banco de questões. Outra peculiaridade do sistema americano é a forma de corrigir a prova. É desencorajado o chute.

Viomundo — Explique melhor.

Miguel Nicolelis — Resposta errada perde ponto, resposta em branco, não. Por isso, o aluno pensa muito antes de chutar, pois a probabilidade de ele errar é grande. Então se ele não sabe é preferível não responder do que correr o risco de responder errado.

Viomundo – Interessante …

Miguel Nicolelis – Na verdade, o SAT é maneira mais honesta, mais democrática de avaliar pessoas de lugares diferentes, com sistemas educacionais diferentes, para tentar padronizar o ingresso. Aqui, nos EUA, a molecada faz o exame e manda para as faculdades que quer frequentar. E as escolas decidem quem entra, quem não entra. O SAT é um dos componentes para essa avaliação.

Viomundo — Aí tem cursinho para entrar na faculdade?

Miguel Nicolelis — Tem para as pessoas aprenderem a fazer o exame, mas não é aquela loucura da minha época. Era cheio de cursinho para todo lugar no Brasil. Cursinho é uma máquina de fazer dinheiro. Não serve para nada a não ser para fazer o exame. Por isso ouso dizer: só os donos de cursinho e aqueles que não querem democratizar o acesso à universidade podem ter algo contra o Enem.

Viomundo –Mas o fato de a prova ter erros é ruim.

Miguel Nicolelis — Concordo. Mas os erros vão acontecer. Em 1978, quando fiz a Fuvest (vestibular unificado no Estado de São Paulo), teve pergunta eliminada, pois não tinha resposta. Isso acontece desde o tempo em que havia exame para admissão [ao primeiro ginasial, atualmente 5ª série do ensino fundamental) na época das cavernas (risos). Você não tem exame 100% correto o tempo inteiro.

Então, algumas pessoas estão confundindo uma metodologia bem estudada, bastante conhecida e aceita há décadas, com problemas operacionais que acontecem em qualquer processo de impressão de milhões de documentos. Na dimensão em que aconteceram no Brasil está dentro das probabilidade de fatalidades.

Viomundo -- Em 2009, também houve problema, lembra-se?

Miguel Nicolelis -- No ano passado foi um furto, foi um crime. O MEC não pode ser condenado por causa de um assalto, que é uma contigência e nada tem a ver com a metodologia do teste.

Só que, infelizmente, gerou problemas operacionais para algumas universidades, que não consideraram a nota do Enem nos seus vestibulares. Isso não quer dizer que elas não entendam ou nãoaceitam o teste. As provas do Enem são muito mais democráticas, mais racionais e mais bem-feitas do que os vestibulares de qualquer universidade brasileira.

Eu fiz a Fuvest. Naquela época, era muito ruim. Não media nada. E, ainda assim, a gente teve de se sujeitar àquilo, para entrar na faculdade a qualquer custo.

Viomundo -- Fez cursinho?

Miguel Nicolelis -- Não. Eu tive o privilégio de estudar numa escola privada boa. Mas muitas pessoas que não tinham educação de alto nível eram obrigadas a recorrer ao cursinho para competir em condições de igualdade.

Mas o cursinho não melhora o aprendizado de ninguém. Cursinho é uma técnica de aprender a maximizar a feitura do exame. É quase um efeito colateral do sistema educacional absurdo que até recentemente tínhamos no Brasil. É um arremedo. É um aborto do sistema educacional que não funciona.

Viomundo -- Qual a sua avaliação do Enem?

Miguel Nicolelis -- É um avanço tremendo, porque a longo prazo a repetição do Enem várias vezes por ano vai acabar com o estresse do vestibular. Você retira o estresse do vestibular. Na minha época, e isso acontece muito ainda hoje, o jovem passava os três anos esperando aquele "monstro". De tal sorte, o vestibular transformava o colegial numa câmara de tortura. Uma pressão insuportável. Um inferno tanto para os meninos e meninas quanto para as famílias. Além disso, um sistema humilhante, porque as pessoas que não podiam frequentar um colégio privado de alto nível sofriam com o complexo de não poder competir em pé de igualdade. Por isso os cursinhos floresceram e fizeram a riqueza de tanta gente, que agora está metendo o pau no Enem. Evidentemente vários interesses estão sendo contrariados devido ao êxito do Enem.

Viomundo -- Tem muita gente pixando, mesmo.

Miguel Nicolelis -- Todo esse pessoal que pixa acha que sabe do que está falando. Só que não sabe de nada. Exame educacional não é jogo de futebol. Tem metodologia, dados, história. E olha que eu adoro futebol. Sempre que estou no Brasil, vou ao estádio para assistir ao jogos do Palmeiras [Ninguém é perfeito (rs)!] O Brasil fez muito bem em entrar no Enem. É o único jeito de acabar com esse escárnio, com essa ferida que é o vestibular .

Viomundo — Nos EUA, não há vestibular para a universidade. O senhor acha que o Brasil seguirá essa tendência?

Miguel Nicolelis -- Acho que sim. O importante é o seguinte. O Brasil está tentando iniciar esse processo. Quando você inicia um processo dessa magnitude, com milhões fazendo exame, é normal ter problemas operacionais de percurso, problemas operacionais. Isso faz parte do processo.

Nos Estados Unidos, as provas já são começam a ser feitas via internet. Como o Brasil em pouco tempo está avançando rapidamente, acredito que logo teremos várias provas por ano, como aqui [nos EUA, há sete, lembram-se?], e tudo por computador. O aluno se inscreve e, num dia e hora pré-determinados, vai com a sua senha a um terminal estabelecido — terá de se estabelecer uma rede – acessa e faz a prova. Será um exame só para ele. Você elimina o risco de vazamento e economiza com a impressão de provas, que custa um dinheirão.

Nós estamos caminhando para o Enem ser a moeda de troca da inclusão educacional. As crianças vão aprender que não é porque elas fazem cursinho famoso da Avenida Paulista que elas vão ter mais chance de entrar na universidade. Elas vão entrar na universidade pelo que elas acumularam de conhecimento ao longo da vida acadêmica delas. Elas vão poder demonstrar esse conhecimento sem estresse, sem medo, sem complexo de inferioridade. De uma maneira democrática.E, num futuro próximo, tanto as crianças de escolas privadas quanto as de escolas públicas vão começar a entrar nesse jogo em pé de igualdade. Aí, sim vai virar jogo de futebol.

Futebol é uma das poucas coisas no Brasil em que o mérito é implacável. Joga quem sabe jogar. Perna de pau não joga. Não tem espaço. O talento se impõe instantantaneamente.

Educação tem de ser a mesma coisa. O talento e a capacidade têm de aflorar naturalmente e todas as pessoas têm de ter a chance de sentar na prova com as mesmas possibilidades.

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sexta-feira, 12 de novembro de 2010

VÍDEO SENSACIONAL: BLOGUEIROS TENDENCIOSOS



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PIOR QUE TÁ NÃO FICA




Após receber quase um milhão e meio de votos sendo aprovado pelo eleitorado para exercer o cargo de deputado na Câmara federal, Francisco Everardo Oliveira Silva (PR-SP), o palhaço Tiririca foi acusado pelo ministério público de entregar à justiça eleitoral declarações falsas sobre sua alfabetização. Nesta quinta-feira, a "dúvida" acabou. A Justiça Eleitoral aplicou um exame para verificar se o recém-eleito sabe ler e escrever. E ele foi aprovado!

Como se não bastasse essa estranha situação ocorrer apenas depois da eleição, também me chamou atenção o formato do exame. Francisco Everaldo precisou ler título e subtítulo de duas reportagens de jornal certamente do PIG (Seria melhor não saber ler), além de escrever um ditado retirado de um livro sobre a própria justiça eleitoral "A promulgação do Código Eleitoral, em fevereiro de 1932, trazendo como grandes novidades a criação da Justiça Eleitoral" (Fico imaginando a tortura).

Após todo esse circo, o palhaço profissional será diplomado como deputado federal e terá de aturar inúmeros palhaços amadores que há muito tempo tentam nos fazer rir com sórdidos interesses e piadas sem nenhuma graça.

É mais um tapa na cara da sociedade de "doutores". Se um desses pensava que a tentativa de golpe, via alegação de analfabetismo por parte de Tiririca, surtiria efeito já podem começar a se acostumar a chamar Francisco Everardo Oliveira Silva também de excelência.

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quinta-feira, 11 de novembro de 2010

REGULAMENTAÇÃO DA MÍDIA NÃO É SINÔNIMO DE CENSURA



Parabéns pela luta, Franklin Martins!

Seminário internacional em Brasília discute normas que já existem em países desenvolvidos. Mas grandes grupos de comunicação querem que tudo continue como está. Vão ficar querendo!

DA CARTA CAPITAL

Mais do que buscar fontes de inspiração para seu próprio projeto de controle social da mídia, o Seminário Internacional Comunicações Eletrônicas e Convergência de Mídias, promovido pela Secretaria de Comunicação da Presidência esta semana em Brasília, parecia ter o intuito de tentar tranquilizar setores supostamente preocupados com a liberdade de expressão. Afinal, mostrou o encontro, a regulamentação é uma realidade em países desenvolvidos como o Reino Unido, a França e Canadá, entre muitos outros. Mas que nada: ao noticiar que o ministro Franklin Martins iria “insistir” no projeto, os jornais e tevês brasileiros voltaram a bater na tecla da censura.

Franklin chegou a dizer que as críticas ao projeto, que, apostou, será mesmo apresentado pela presidente Dilma Rousseff ao Congresso, não passam de subterfúgios, porque não existe possibilidade de censura. “Essa história de que a liberdade de imprensa está ameaçada é bobagem, fantasma, é um truque. Isso não está em jogo”, afirmou. Rapidamente, a Abert (Associação das Emissoras de Rádio e TV) reagiu. “Enxergamos de modo diferente. Não estamos vendo fantasmas. São coisas que estão acontecendo”, disse Luis Roberto Antonik, diretor-geral da entidade, embora ponderando que Franklin nunca tenha usado “o poder dele para restringir a liberdade de expressão”.

Na quarta-feira 10, último dia do seminário, o ministro da Secom voltou a reafirmar que a intenção do governo é, como acontece nos demais países, estabelecer obrigações, não proibições, em termos de conteúdo, como por exemplo a proteção da língua, da cultura nacional e das crianças e menores de idade. “Estes fantasmas deveriam ficar no sótão, a regulação não é nenhum bicho-de-sete-cabeças. Na maioria dos países, quando se fala em regular conteúdo, não se fala em censura. Não tem volta de dona Solange”, disse Franklin, em referência à famosa censora do cinema e da TV da época da ditadura militar.

Ao que tudo indica, todos estão surdos. Fala-se em controle social e os donos de jornais e tevês escutam “censura”. Nos principais sites informativos dos maiores grupos noticiosos, durante os dois dias em que aconteceu o seminário o projeto idealizado pelo governo era descrito como de “controle da imprensa”. Por trás da preocupação com a liberdade de expressão, porém, esconde-se o real temor, por parte das “nove ou dez famílias” que controlam a comunicação no país (para usar as palavras do presidente Lula) de que o projeto do governo represente desconcentração do setor.

“A Sociedade Interamericana de Imprensa é um grupo de empresários, donos de jornais, preocupados em defender seu negócio. A liberdade de expressão pertence aos cidadãos, não é propriedade deles”, declarou Gustavo Bulla, diretor Nacional de Supervisão da AFSCA (Autoridade Federal de Serviços de Comunicação Audiovisual), órgão regulador argentino. Simultaneamente ao evento brasileiro ocorria em Mérida, no México, a 66a. reunião da SIP, que reuniu editores e executivos de jornais e meios de comunicação das Américas. A entidade mostrou sua “preocupação” com a iniciativa tomada por alguns Estados brasileiros de criar agências reguladoras de mídia, e pediu aos governadores “veto sumário” às propostas.

Segundo o ministro Franklin Martins, cada país possui seu próprio modelo regulatório, e o Brasil ainda vai escolher o seu. O exemplo da Argentina é instigante. A lei sancionada há um ano pela presidente Cristina Kirchner não tem nada a ver com a venezuelana, como se acusa, e sim com os modelos canadense e norte-americano. “Como no Brasil, também fomos chamados de ‘chavistas’”, conta Bulla. “Isso se faz para colocar medo nos cidadãos.” O que não significa que os argentinos não foram ousados em sua proposta. Não à toa, o maior grupo de comunicação do país, o Clarín, vive às turras com o governo e é considerado “o maior partido de oposição” a Kirchner.

Se já há tanta polêmica no Brasil em torno do marco regulatório, imaginem se fosse feito aqui o que ocorreu na Argentina: em agosto do ano passado, a transmissão das partidas de futebol foi simplesmente “estatizada”. Bulla conta que, como os jogos eram transmitidos via TV a cabo, isso fazia com que uma parte enorme da população não tivesse acesso ao futebol a não ser em locais públicos, como restaurantes, bares e pizzarias. O governo decidiu, então, negociar com a AFA (Associação de Futebol Argentino) a compra dos direitos de transmissão e propôs pagar o dobro do que oferecia o Clarín e a empresa Torneos y Competencias, detentores dos direitos havia 18 anos.

Desde então, todo mundo tem acesso aos jogos via TV estatal, o canal 7. “Eles tentaram ir à Justiça contra a decisão do governo, mas não conseguiram nada”, conta Bulla, citando uma frase do popular locutor esportivo Victor Hugo Morales: “Os direitos exclusivos do futebol foram o cavalo de Tróia da concentração dos meios de comunicação na Argentina”. Além de democratizar o acesso ao futebol, a lei significou não só desconcentração econômica como cultural.

Antes, como as rádios de todo o país apenas repetiam a programação vinda de Buenos Aires, um habitante da Patagônia, por exemplo, acordava com notícias sobre o tráfego na capital e não sobre sua própria região. “Isso matava as manifestações regionais de cultura”, diz Gustavo Bulla. Com a nova lei, a mera repetição de conteúdo foi restringida, assim como a possessão de até 24 concessões por um mesmo grupo de comunicação.

O que é bom para a Argentina talvez seja bom para o Brasil – e aí reside o verdadeiro temor dos donos da imprensa, não fictícios atentados à liberdade de expressão. Só falta o governo brasileiro querer questionar também as exclusividades milionárias das transmissões desportivas. Isto também seria considerado censura?

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