segunda-feira, 29 de novembro de 2010

NÓS, OS DERROTADOS




Nos últimos dias a velha mídia nacional tem praticado a costumeira pirotecnia acerca dos conflitos existentes entre policiais, exército e o tráfico de drogas no Rio de Janeiro. Com os mesmos argumentos maniqueístas em manchetes e textos, é possível verificar a venda de uma suposta luta entre o bem (policiais e exército) e o mal (tráfico de drogas).

Vejo pela TV a cobertura de mais esse show midiático e ouço, como num jogo de futebol, comentaristas fazendo suas "apostas" sobre o que irá acontecer no momento seguinte até que um deles convoca a população para comemorar o feito da conquista do território inimigo, ou seja, mais uma vez a questão da violência é tratada de forma absolutamente irresponsável e simplista. Comemorar o que, servidor do PIG!? Acorde e veja a que ponto chegamos. Uma verdadeira guerra entre cidadãos brasileiros se torna entretenimento e o vencedor herói!? Esse herói está a serviço de quem? As respostas certamente estão no alto índice de audiência que o fato é capaz de captar e, a partir daí, engordar os cofres da emissora (concessão pública).

A questão que merece reflexão é a de que vivemos numa sociedade pautada por uma entidade maior com força e vontade próprias: o "deus mercado" (sim, esse deus existe!). Junto a ele o sistema capitalista que tem em suas vísceras, a tão "combatida" violência.

Assim como a morte para todo ser vivo, tal sistema tem como inexorável o objetivo do consumo ilimitado, de tornar a ganância algo aceitável bem como a eterna busca do privilégio e da diferenciação. Nós, seres humanos, fomos adestrados a aceitar o convívio em sociedade baseado em valores materiais e estéticos. Passamos diariamente por um processo de coisificação sendo transportados do mundo do ser para o mundo do ter.

Diante disso, não há nenhum espanto em verificar o crescimento do narcotráfico que passou a tomar o lugar do Estado nos locais onde este não quer chegar. O Estado sob a ética capitalista só reza na bíblia da barbárie! Nos acostumamos com a perversão.Ele assume o papel de conivente com o sistema de poucos e reafirma ideologicamente que a realização nunca é plena e há sempre o que ser conquistado através de muita competição e com isso, obviamente, o fomento do mercado. Não há a percepção de coexistência, apenas o individualismo. Não existe a garantia da dignidade a todos por simples desrespeito ao cidadão gerando marginalidade e miséria. Somos o resultado da mais-valia sofisticada com a máscara da indústria cultural.

Daí surge a verificação inequívoca de que se trata de uma sociedade caótica, sem perspectiva de futuro que empurra novas gerações, literalmente, ao fogo cruzado. O futuro é apenas o da exploração do homem pelo homem.

Para manter seus interesses o PIG e o Estado já comemoram a vitória do seu "bem" que não decide a guerra (ela não pode parar). O sistema capitalista e seus tentáculos não querem, efetivamente, acabar com o tráfico. Ao contrário. Ele continua pronto para reestabelecer novas lideranças que substituam as que foram derrubadas. O importante é que tudo funcione no seu devido lugar sem que se desrespeite fronteiras.

Enquanto o Estado que temos não for revisto, problemas como o do narcotráfico e da violência não terão solução restando aos brasileiros o fingimento de que vivemos numa sociedade saudável e democrática. O que se viu no último final de semana na capital fluminense foi a vitória da hipocrisia.

Não existem vencedores apenas derrotados.

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7 comentários:

  1. Perfeito! Parabéns! Excelente análise!

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  2. putz.......

    n acredito q li isso!

    TEM Q COMEMORAR MESMO!!! NÃO TEM NADA A VER COM IDEOLOGIA AGORA! NÃO TEM NADA A VER COM "FORÇAS DO CAPITALISMO"...


    caramba, as vezes o pessoal viaja viu.... O Brasil retomou o complexo do alemão e ainda tem gente pagando uma de intelectualóide revoltado! Pensar assim é botar bala no cartucho dos traficantes!!

    Em tempo: TRAFICANTE É DO MAL SIM!!!!!!!!!!!!!!!! OU ALGUÉM DO BEM VAI BOTAR UMA ARMA NA MÃO DE UMA CRIANÇA PRA MATAR E MORRER????


    cada uma...

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  3. Como é possível negar a milhões de seres humanos a realização de suas necessidades básicas lado a lado de cenas de desperdício, de luxo e esbanjamento? A produção e distribuição de bens (materiais e culturais)está a serviço da apropriação privada, do lucro, sendo, portanto, injusta. Nesse sistema irracional não é possível sobreviver sem incorporar a violência ao cotidiano. Não existe um termo médio para a riqueza,não sendo possível a co-existência pacifica entre os ricos muito ricos e os pobres muito pobres. Não se trata aqui de uma falha paterna na educação de seus filhos ou na falência das escolas, trata-se apenas da lógica nua e crua da organização monoplizada da riqueza social num regime de concorrência em que para uns sobreviverem, naturalmente outros tem que perecer. É o sistema que nos leva a isso.

    Daí pergunto:

    Kivina, quem foi mesmo que botou a arma na mão da criança??? Diga me, quem são os bárbaros?

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  4. mais uma simplória e reacionária visão esquerdista que tende em culpar o capitalismo por todas as mazelas neste mundo existentes.

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  5. socorro meu nome é Brasil... estou morrendo

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  6. seres humanos morrendo e pessoas achando que não passa de mazelas do mundo, é a barbárie se tornando parte de cotidiano...

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  7. concordo com o texto e acho que a ideia reacionaria esta no inicio de toda essa mentira que existe até hoje que é o poder pseudo-democratico brasileiro.

    abs

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