domingo, 26 de maio de 2013

PENSE EM HERZOG ANTES DE ELOGIAR O 'ESPÍRITO DEMOCRÁTICO' DE RUY MESQUITA

Uma homenagem aos brasileiros que não tiveram protetores na hora do pesadelo.
Li muitas coisas sobre a morte de Ruy Mesquita. A maior parte do que li poderia muito bem não ter lido, essa é a verdade – lugares comuns lacrimosos e sentimentais pouco vinculados à realidade.
De minhas leituras o que mais me incomodou foi o elogio ao “grande democrata” que “salvou seus jornalistas perseguidos”. (Aqui, cabe uma comparação com Roberto Marinho, que se gabava de cuidar, ele mesmo, de “seus comunistas”.)

Bem, é uma colocação amplamente absurda, e ofensiva para aqueles que não estavam sob o guarda-chuva de golpistas como Mesquita e Marinho.

Vamos ao caso célebre, o do jornalista Vladimir Herzog, da TV Cultura, torturado e morto por uma ditadura que provavelmente jamais se instalasse não fosse o trabalho de sabotagem antidemocrática feita por Ruy Mesquita e congêneres.

Fosse genuinamente democrático, Mesquita não tramaria, com seu jornal, contra um governo eleito nas urnas.

Ser democrático é, acima de tudo, respeitar as urnas.

No livro Dossiê Geisel, que traz documentos pessoais dos anos do poder de Geisel, você pode ver o verdadeiro Ruy Mesquita.

Numa carta ao então ministro da Justiça, Armando Falcão, Mesquita fazia o elogio do general Castelo Branco, como se se tratasse de um De Gaulle e não do general ultraconservador que deu início a um pesadelo que duraria mais de duas décadas.

Nela, Mesquita mostrava outra traço forte seu e da família: o racismo arrogante. Ele se queixava a Falcão de que o Brasil, pós-Castelo, corria o risco de virar uma “Uganda”, ou uma “republiqueta hispano-americana”.
Canonizá-lo por haver dado uma mão a um ou outro jornalista do Estadão em apuros é um erro extraordinário.

A ditadura que perseguiu, torturou e matou tanta gente foi possível graças ao trabalho de boicotagem da democracia de pessoas como Ruy Mesquita. (A família Mesquita já tinha as mãos sujas no suicídio de Getúlio Vargas, aliás.)

Antes de louvar Ruy Mesquita, ou Roberto Marinho, por ter ajudado este ou aquele, pense em tantas outras pessoas que ficaram expostas à brutalidade que os barões da imprensa tanto contribuíram para que se tornasse realidade entre os brasileiros.
Pense em Herzog, por exemplo.

Na cela em que ele apareceu enforcado, depois de ser barbaramente torturado, ele estava sozinho, absolutamente sozinho – como tantos outros brasileiros que não tinham o telefone de Ruy Mesquita para ligar na hora do pesadelo.

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quinta-feira, 23 de maio de 2013

O COTIDIANO DE UM ESTADO DESUMANO

O texto abaixo publicado no site Passa Palavra é estarrecedor e só confirma o diagnóstico de que vivemos em uma sociedade perversa, desumana, doente.

Trata-se de um testemunho de violência explícita em plena luz do dia contra crianças em região nobre de São Paulo. Essa cidade cada dia mais sedenta por brutalidade, desrespeito, desigualdade e vingança sob o mentiroso manto da segurança/justiça.

O testemunho também deixa clara a influência midiática (PIG) na mente daqueles que vivem no mundo simplista do senso comum. E ainda há quem não defenda a criação de uma Lei de Mídia neste país.

A barbárie do sistema está legitimada e com ela não há como conviver sem preconceitos e discriminação. Cenário que empurrará inexoravelmente crianças para a exclusão, a falta de dignidade e consequentemente à revolta e violência. A partir deste momento, os mesmos flagrados agredindo crianças covardemente, surgirão clamando por justiça e defendendo a redução da maioridade penal.

A hipocrisia aponta crianças como criminosas e a sociedade individualista e senil a ratifica.

Confira:

Às três da tarde na Teodoro Sampaio

 

São três da tarde, esquina da Pedroso de Morais com a Teodoro Sampaio, próximo ao Largo da Batata, Zona Oeste de São Paulo, um dos pontos mais movimentados da capital paulista. Dois homens em plena esquina agridem três crianças. Crianças pobres: uma negra, uma mulata e a última, uma branca que não era loira.

Agredindo.

Ao ver de dentro do ônibus a cena pude ver a criança negra sendo agarrada por detrás do pescoço e sendo lançada no meio da rua. Foi o suficiente para sair em disparada do ônibus e ir em direção a eles. Ao chegar, o segundo homem estava levando a criança branca, mas não loira, pela orelha até à calçada do outro lado da rua. Nesse momento tive a desgraçada sorte de vê-lo, ao largar a criança na calçada, dizer com o dedo apontado em seu rosto:

– Cala sua boca, você é um bosta.

Disparei em meio àquela cena que os dois homens adultos se afastassem das três crianças imediatamente. A discussão estava instalada. Naquele exato momento tive a plena consciência de que um linchamento público não seria um destino distante das três.

– Mas eles são seus filhos?

– Não são e nem precisariam ser, são crianças e isso basta.

– São ladrões, são bandidos, fazem isso sempre.

– Não é sua função dizer o que eles fazem ou não. Inclusive o crime é seu. Você não pode agredir essas crianças, eu mesma vi.

Nisso, dois polícias que estavam do outro lado da rua vieram em direção à confusão que eu sozinha havia instalado.

– Pois não, o que está acontecendo aqui?

– Esses dois homens estavam agredindo essas crianças, senhor policial, eu posso ser testemunha. O primeiro senhor agarrou a criança pelo pescoço e o segundo arrastou a outra criança pela orelha, a xingando de bosta.

Um dos homens me interpelou:

– Mas você não vê que eles são bandidos?

– Não, não vejo, senhor. Vejo três crianças serem agredidas no meio da rua por vocês.

O primeiro policial se aproximou, pôs suas mãos no cinto e disparou:

– Eu resolvo isso já, vou levar esses três moleques para a FEBEM e a gente resolve isso já.
Imediatamente disparei:

– É assim que se dirige a uma criança, senhor policial?

– O que a senhora disse, senhora?

– É assim que o senhor se dirige a uma criança senhor policial? Se ele fosse branquinho dos olhos azuis o senhor falaria assim com ele, senhor policial?

Com um sorriso nos lábios me disse:

– A senhora gostaria de ir à delegacia abrir uma representação?

– Estou à disposição.

O adulto que disse a uma das crianças que ele era um bosta me perguntou:

– Você não acompanha a televisão?!

– Não coloque apresentadores da tevê no meio disso aqui. Vocês acreditam que pegando uma criança no pescoço no meio da rua, xingando ela de bosta, vocês vão incentivar o quê?! Essas crianças vão ficar malucas e por muito menos vocês estão cultivando o que assistem na televisão. Eles têm direitos sonegados. Eles têm direito a lazer, cultura e educação, e é tudo o que os três não têm.

As poucas pessoas que paravam soltavam comentários a favor de um linchamento público das três.

– São bandidos, já assassinaram alguém! Isso ai é tudo bandido, tudo assassino!

O homem que havia segurado o pescoço do menino se aproximou de mim e disse que ele estava errado e que me pedia desculpas. Respondi que ele não devia desculpas a mim, mas à criança a quem ele havia dado a enforcadura no pescoço. Ele então sumiu.

O segundo policial, muito mais flexível, abordou a questão da seguinte forma:

– O papel da Polícia Militar é mediar conflitos. São situações onde é difícil se chegar a um consenso.

– Senhor policial, mas não se trata de chegarmos a um consenso, não? Eles não podem agredir as crianças. É a lei.

– Sim, a senhora tem razão.

O policial dirigiu-se a mim e às crianças, que a esta altura já estavam todas atrás de mim como pintos atrás de uma galinha. Disse o que eles poderiam e não poderiam fazer, e que eu estava dispensada – após anotar somente o meu RG. Questionei então se o senhor policial não iria falar o que aqueles dois homens não poderiam fazer.

– Sim, sim. O senhor, quando tiver algum problema, retém a criança no local e liga no 190.

Só.

– A senhora pode ir embora, vocês podem ir embora.

E um instante de silêncio se fez em mim. Eu não ia embora. Eu poderia ter dito e feito muitas outras coisas, mas estas foram as que consegui sem ter sido presa por desacato. No final eu tinha três crianças olhando para mim imóveis. Eu tinha três crianças ali.

Detalhe: nenhum dos dois homens negou o que havia feito em momento algum; para meu espanto tentaram justificá-lo de uma forma bastante específica. Nossa televisão está regando o fascismo que transborda dos corações paulistanos. O que era uma simples ideia, agora é plena realidade. Eram três horas da tarde em plena Teodoro Sampaio, o que será das três da tarde no Jardim Paulistano ou no Campo Limpo? Eram três crianças que não passavam da altura do meu diafragma. Eram três indivíduos em plena formação, que foram humilhados em praça pública por pessoas que entenderam-se no direito. Adultos alimentados e pavimentados por um discurso massivo vomitado hora a hora pela nossa televisão.

A não implementação das garantias constitucionais dos direitos das crianças e dos adolescentes está dando seus frutos mais amargos. Até quando nosso Ministério Público irá esperar para que ele, sim, entre com uma representação contra o discurso de ódio midiatizado? Quando crianças como essas forem assassinadas preventivamente? Afinal, são todas assassinas como mostram na tevê, memória que não me deixou escapar um transeunte que se dignou a parar e a verborragir à minha frente. Se são todos assassinos, na dúvida eles não merecem outra coisa que um tratamento preventivo.

O que eu assisti abalou a mim, mas e às três? Por muito menos eu me tornaria um adulto revoltado. Alguém aqui sabe o que significa ser chamado de bosta ou ser segurado pelo pescoço como um animal em meio à Av. Teodoro Sampaio às três da tarde numa quinta-feira? Alguém?

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sábado, 18 de maio de 2013

DEBATE: A VALA CLANDESTINA DE PERUS

 

Na próxima segunda-feira, (20/05), a Comissão da Verdade de São Paulo “Rubens Paiva” realizará uma audiência pública para discutir a situação das ossadas da Vala de Perus e também o “Dia Estadual em Memória dos Mortos e Desaparecidos Políticos”, celebrado no dia 4 de setembro, data em que, em 1990, foi aberta esta conhecida vala clandestina, localizada no Cemitério Dom Bosco, no bairro de Perus, na capital paulista.
 


A lei 14.594, sancionada em 20 de outubro de 2011 e de autoria do deputado Carlos Giannazi (Psol) foi criada com o objetivo de preservar a memória dos que foram mortos e desaparecidos durante a ditadura militar (1964-1985). A audiência, de iniciativa de Adriano Diogo, deputado estadual (PT) e presidente da Comissão da Verdade “Rubens Paiva” e do professor Carlos Giannazi, ocorrerá a partir das 15 horas, no Auditório Teotônio Vilela, no 1º andar da Assembleia Legislativa de São Paulo- Avenida Pedro Álvares Cabral, 201- Ibirapuera.


Na época da abertura, em 1990, durante o governo de Luiza Erundina, foram encontradas 1049 ossadas sem identificação. A prefeitura determinou a apuração dos fatos e fez um convênio com a Universidade de Campinas (Unicamp) para a identificação das ossadas. Com a interrupção desse trabalho, em 2001 as ossadas são guardadas numa ala do Cemitério do Araçá, próximo ao Instituto Médico Legal (IML) e ficam sob responsabilidade deste órgão e da Universidade de São Paulo (USP). Algumas das ossadas foram identificas, entre elas a de Flávio de Carvalho Molina e Luis José da Cunha, também conhecido como Comandante Crioulo.


Em recém visita ao país, peritos da equipe de Antropologia Forense da Argentina analisaram parte das ossadas da Vala de Perus e concluíram que estavam mantidas em condições precárias, que não foram devidamente lavadas quando retiradas da vala, favorecendo o crescimento de fungos dificultando ou até mesmo impossibilitando a identificação de DNA. Na ocasião, também será apresentado o andamento da investigação das ossadas do Cemitério de Vila Formosa.

 
20/05, segunda-feira, 15h

Auditório Teotônio Vilela, 1º andar
Assembleia Legislativa de São Paulo
Av. Pedro Álvares Cabral, 201- Ibirapuera
Informações: 55 11 3886-6227 / 3886-6228



TRANSMISSÃO AO VIVO PELA INTERNET
Todas as atividades realizadas na Assembleia Legislativa de São Paulo têm transmissão ao vivo pela internet. Acesse o link www.al.sp.gov.br/a-assembleia/tv-web* e escolha no box o Auditório onde ela está sendo realizada.*Atenção - é necessário utilizar o navegador Internet Explorer


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sexta-feira, 17 de maio de 2013

AVÓS DA PRAÇA DE MAIO SOBRE VIDELA: "SER DESPREZÍVEL DEIXOU ESTE MUNDO"


Do Opera Mundi

Estella Carlotto lembra que ex-ditador, morto aos 87 anos, nunca se arrependeu dos crimes que cometeu.

A líder da organização Avós da Praça de Maio, Estella Carlotto (à direita na foto), afirmou nesta sexta-feira (17/05), ao comentar a morte do ex-ditador Rafael Videla, aos 87 anos, estar “mais tranquila já que um ser desprezível deixou este mundo”. Em declarações à rádio Continental, ela lembrou que o ex-comandante da ditadura nunca se arrependeu dos crimes que cometeu durante o período do regime militar argentino (1976-1983).

"A história seguramente vai classificar como genocídio o que o povo argentino sofreu, a infâmia de uma ditadura civil-militar como a que ele comandou, e da qual ele nunca se arrependeu, inclusive dando declarações tardias para reivindicar seus delitos”, disse a ativista.

Ela questionou por que Videla "não se arrepende, não pede perdão, não repara o dano", e principalmente por que "insiste em eliminar os que pensam diferente e invoca a proteção de Deus".

Estella disse também o classificou de “um homem mau, personagem que foi julgado e condenado”, mas que “a Igreja, que acompanhou um pouco sua gestão, estará realizando seus crimes em outro lugar”.

Segundo a imprensa argentina, Videla, morreu de causas naturais por volta das 6h30 em sua cela na prisão Marcos Páz, em Buenos Aires, foi o cérebro da ditadura que governou o país, um período em que desapareceram cerca de 30 mil pessoas, segundo organizações de direitos humanos. A imprensa argentina afirma que ele morreu de causas naturais, às 8h25.

Ele foi o primeiro presidente da ditadura militar da Argentina; foi condenado em dezembro de 2010 à prisão perpétua, pelo Tribunal Oral Federal de Córdoba, sob a acusação de crimes contra a humanidade.

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segunda-feira, 13 de maio de 2013

SINDICATO IGNORA MAIORIA E DECLARA O FIM DA GREVE

Na última sexta-feira (10/05) mais de sete mil professores do Estado de São Paulo realizaram a quarta assembleia para tratar da greve que foi deflagrada em 19 de abril. Este blogueiro que esteve presente no movimento, em comandos de greve bem como em todas as assembleias anteriores realizadas no MASP, mais uma vez estava lá. E posso assegurar que não foi nada agradável o que presenciei.

Durante a semana que antecedeu a última assembleia, ficou nítido o pouco engajamento por parte da APEOESP em divulgar a mesma. Na internet e, em especial, nas redes sociais, foi gritante a diferença da convocação para o evento em comparação às anteriores. Começou a ser feita com atraso e, sem motivo aparente (a greve seguia com pelo menos a mesma adesão), não existia o mesmo apoio das últimas três assembleias.

Ao chegar à Avenida Paulista, reparei que a quantidade de vans/ônibus e professores era menor do que nas outras semanas. Como sempre, o conselho de representantes do sindicato se reuniu antes de chegar ao carro de som no MASP para fazer uma análise da paralisação e, por decisão da maioria que apoia a atual direção da entidade, entendeu que o fim da greve deveria ocorrer.

Na assembleia, foram várias manifestações a favor e contra a continuação da greve até que surge o momento dos professores presentes se manifestarem, independente, da decisão do conselho e o que se viu foi um ato vergonhoso. Como em um passe de mágica, a greve que há alguns dias crescia, depois da reunião com o desgoverno, segundo a presidente do sindicato (Maria Izabel Noronha), arrefeceu.  

Bebel afirmou que se reuniu na manhã daquele dia com o secretário da educação e na negociação conseguiu alguns avanços. Ela os apresentou afirmando que o governo estadual se comprometeu a realizar todos não tendo registrado o fato em nenhum documento. É no mínimo estranho que o sindicato aceite promessas ao vento de um desgoverno que não cumpre nem a lei. Uma verdadeira aberração.

As "conquistas" no acordo foram:

1 - Fim da prova anual aplicada aos professores da chamada “categoria F”;
2 - Fim da prova exigida dos professores da chamada “categoria O” que já pertencem à rede estadual;
3 - Direito de atendimento médico pelo IAMSPE aos professores da “categoria O”;
4 - Concurso público no segundo semestre para professores PEB II;
5 -Não privatização do Hospital do Servidor Público e do IAMSPE;
6 - Convocação da comissão paritária prevista no artigo 5º da lei complementar nº 1143/11 para discussão da possibilidade de novo reajuste e discussão da implantação paulatina da jornada do piso (no mínimo 1/3 da jornada para preparação de aulas e formação, entre outras atividades extraclasse);
 7 - Convênio em torno de projeto a ser elaborado pela APEOESP para prevenção e combate à violência nas escolas;
 8 - Discussão do pagamento dos dias parados e retirada das faltas da greve mediante reposição de aulas.

Dos milhares de professores que se manifestaram, sob a minha modesta opinião, de diversos professores (inclusive da situação), fotógrafos e até do PIG (confira), a maioria decidiu pela continuidade da paralisação. Como se estivesse diante de uma votação unânime ou quase isso pelo fim do movimento, a Sra. Maria Izabel Noronha sem qualquer pudor decretou o fim da assembleia e da greve quando diante dos seus olhos a decisão tinha sido outra. Uma absoluta e inaceitável demonstração de arbitrariedade e de irresponsabilidade para o cargo que ocupa. No mínimo, um aviltamento à classe.

Tal desrespeito gerou indignação na maioria que exigia a imediata reinstalação da assembleia para continuar a paralisação. Como foi ignorada, garrafas de água e ovos passaram a ser jogados em cima do caminhão de som fazendo com que todos que lá estavam se refugiassem para a acanhada parte interna do veículo. Após mais de uma hora de impasse e aos gritos de "Greve!" e “Que papelão, a Bebel vai sair de camburão!”, a direção do sindicato pediu escolta à polícia militar para conseguir sair do local.

Com isso, a PM agrediu muitos professores até que foi possível abrir espaço na avenida para que o caminhão com a diretoria do sindicato conseguisse deixar a frente do MASP.

Para piorar foi possível ouvir testemunhos de professores do interiror afirmando que os ônibus locados pela APEOESP para todas as assembleias anteriores, na última sexta-feira sumiram. E como se tudo isso não bastasse, professores indignados com a decisão arbitrária se dirigiram à sede do sindicato do qual fazem parte para ouvir explicações sobre o acontecimento. Chegando lá, se depararam com o prédio fechado e cercado de policiais militares exatamente como nos tempos da ditadura.

Diante de tanta violência e falta de respeito, muitos(as) profissionais da educação levantaram a hipótese de desfiliação do sindicato, o que me parece um erro. É preciso fomentar o debate sobre questões absurdas, como essa, denunciar e tirar da presidência do órgão de maior representatividade dos professores da América Latina, a Sra. Maria Izabel Noronha.

Ressalto que não tenho filiação partidária e não recebo ajuda financeira de quem quer que seja. Minha atuação é livre por acreditar que a educação do país precisa ser mudada deixando de focar apenas a competitividade do mercado e passando a entender como prioridade a formação cidadã.

Como advogado, sociólogo, professor e acima de tudo cidadão, entendo ser urgente a mudança de comando na APEOESP.

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sexta-feira, 10 de maio de 2013

MÚSICA DO DIA

Depois de mais uma demonstração de incapacidade da prática cidadã dos professores do Estado de São Paulo e do sindicato que os representa (APEOESP), basta ouvir John Lennon para esfriar a cabeça.

Mais tarde, pretendo escrever algo sobre o que, infelizmente, testemunhei há algumas horas em mais uma assembleia dos professores em greve.



God (John Lennon)

God is a concept,
By which we measure
Our pain.
I'll say it again.
God is a concept,
By which we measure
Our pain.
I don't believe in magic
I don't believe in I-Ching
I don't believe in Bible
I don't believe in Tarot
I don't believe in Hitler
I don't believe in Jesus
I don't believe in Kennedy
I don't believe in Buddha
I don't believe in Mantra
I don't believe in Gita
I don't believe in Yoga
I don't believe in Kings
I don't believe in Elvis
I don't believe in Zimmerman
I don't believe in Beatles
I just believe in me
Yoko and me
And that's reality.
The dream is over,
What can I say?
The dream is over
Yesterday
I was the dreamweaver,
But now I'm reborn.
I was the walrus,
But now I'm John.
And so dear friends,
You just have to carry on
The dream is over.

Deus (John Lennon)

Deus é um conceito
Pelo qual medimos
Nossa dor
Falarei de novo
Deus é um conceito
Pelo qual medimos
Nossa dor
Eu não acredito em mágica
Eu não acredito em I-ching
Eu não acredito em Bíblia
Eu não acredito em tarô
Eu não acredito em Hitler
Eu não acredito em Jesus
Eu não acredito em Kennedy
Eu não acredito em Buda
Eu não acredito em Mantra
Eu não acredito em Gita
Eu não acredito em Ioga
Eu não acredito em reis
Eu não acredito em Elvis
Eu não acredito em Zimmerman
Eu não acredito em Beatles
Apenas acredito em mim
Yoko e eu
E essa é a realidade
O sonho acabou
O que posso dizer?
O sonho acabou
Ontem,
Eu era o tecedor de sonhos
Mas agora renasci.
Eu era a morsa,
Mas agora sou John.
Então queridos amigos,
Vocês precisam continuar
O sonho acabou.

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quinta-feira, 9 de maio de 2013

MAIS UMA DO PT PAZ E AMOR

Perplexos e incrédulos ficam aqueles que conhecem a história do nosso país!

A notícia não é de última hora mas, mesmo com certo atraso, esse blogueiro não poderia deixar de escrever sobre o lamentável fato.

Me refiro a declaração vil de um ministro vil. Trata-se de Aloizio Mercadante (ministro da educação) ao escrever no dia 26 do mês findo no jornalão Folha de São Paulo um pequeno texto em defesa do empresário e dono da publicação Octavio Frias de Oliveira (1912-2007) que foi citado pelo ex-delegado da Polícia Civil, dos tempos da ditadura militar, Cláudio Guerra em denúncia feita ao vereador Gilberto Natalini, presidente da Comissão da Verdade da Câmara Municipal de São Paulo.

Guerra afirmou que Frias participou de atrocidades durante a ditadura. Revelou que ele visitava com frequência o Dops (Departamento de Ordem Política e Social), leia-se o centro de torturas, sequestros e mortes e que a Folha colaborou financeiramente e logisticamente ao emprestar carros de distribuição de jornais aos órgãos da repressão.

O denunciante afirmou: “O Frias visitava o Dops constantemente. Isso está registrado.”

Diante disso, Mercadante não demorou para se manifestar de forma patética:

A Folha publicou notícia de que o empresário Octavio Frias de Oliveira visitou frequentemente o Dops e era amigo pessoal do delegado Sérgio Paranhos Fleury, um dos mais ativos agentes da repressão.
A denúncia partiu do ex-agente da repressão, Cláudio Guerra. Recebi a informação perplexo e incrédulo. Especialmente porque militei contra a ditadura militar na dura década de 70 e tive a oportunidade de testemunhar o papel desempenhado pelo jornal, sob o comando de “seu Frias”, na luta pelas liberdades democráticas.
A coluna de Perseu Abramo sempre foi referência da luta estudantil nos dias difíceis de repressão. A página de “Opinião” abriu espaço para o debate democrático e pluralista. A Folha contribuiu decisivamente para a campanha das Diretas Já.
Ao longo desses 40 anos de militância política, mesmo com opiniões muitas vezes opostas às da Folha, testemunho que o jornal sempre garantiu o debate e a pluralidade de ideias, que ajudaram a construir o Brasil democrático de hoje.
E “seu Frias” merece, por isso, meu reconhecimento. Acredito que falo por muitos da minha geração.
Aloizio Mercadante, ministro de Estado da Educação (Brasília, DF).

A manifestação beira o ridículo pelo fato de que até a própria Folha reconhece o apoio ao regime de exceção. Vale lembrar que todo o oligopólio midiático (PIG) que existe, até hoje, apoiou o golpe em 1964 e que essa colaboração financeira e logística não ocorreu apenas por parte de Frias mas pela maioria do empresariado paulista, comprovadamente. A Ultragaz, apenas para citar um exemplo, agiu da mesma forma na pessoa do seu presidente à época, Henning Albert Boilesen (1916-1971).

É vergonhoso e assustador verificar que a manifestação é absolutamente descompassada com os fatos registrados pela história e que ela não tenha sido feita por algum barão da mídia ou milico de plantão mas por um ministro da educação, membro de um governo que se apresenta, teoricamente, progressista, fundador do Partido dos Trabalhadores e que historicamente se mostrou preocupado com os problemas sociais do nosso país.

A explicação para essa asquerosa defesa talvez esteja na submissão ao PIG daqueles que estão no comando do PT há décadas. Os donos do partido completarão doze anos no poder institucional do país e não houve até o momento qualquer avanço significativo sobre a questão da existência do criminoso oligopólio midiático. Tema fundamental para que exista a convivência democrática na sociedade brasileira.

Mercadante apenas segue os passos de Lula que chegou ao absurdo de afirmar na morte de Roberto Marinho (colaborador do golpe com o jornal "O Globo", fundador da Tv Globo durante e com o apoio do governo militar e principal alicerce do PIG) que "ali se ia um grande brasileiro, merecedor de três dias de luto oficial".

Diante desse cenário, o luto deve ser ao PT com muita "paz e amor".

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quinta-feira, 2 de maio de 2013

O ANIVERSÁRIO

 

Tudo estava bem. Muito bem.
A acomodação perfeita durou meses.
O calor, a posição, a iniciação.

De supetão surge uma forte luz.
Tenho dificuldade em vê-la, incomoda.
Sou forçado a deixar aquele perfeito recanto.

Surge um novo local. Imenso, infinito.
A partir daí, as horas, os dias, os meses e anos não passam, voam.
Como se essa coisa que chamamos de tempo precisasse terminar.
Mas ele realmente precisa.

Desde o início ele me apresenta um caminho sem volta.
O amadurecimento surge junto com sonhos e ilusões que jamais me deixarão.
A existência segue sob essa inexorável dicotomia. 

A carne se apresenta mais envelhecida.
Mas a mente, envaidecida, pula de alegria ao se reconhecer mais jovem a cada dia.
Juventude que nasce da crença de repudiar a existência humana baseada no ter.
A pujança pelo amor visceral que surge no mundo do ser é imortal.

Não há tempo que irá subjugar a intocável força da aventura chamada vida.  
O envelhecer é uma falácia.
Quem nele acredita, desacredita.  

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