sábado, 8 de setembro de 2012

O PROTESTO DA GELEIA GERAL

 

‘Viúvas de 64′ e anarquistas se unem em protesto contra a corrupção

Da Carta Capital

Sobrou para todo mundo. De Lula a Kassab, de Serra a Tiririca. Ninguém foi poupado no protesto contra a corrupção na Avenida Paulista nesse 7 de setembro. A manifestação juntou cerca de mil pessoas, segundo dados da Polícia Militar. Os participantes eram ainda mais diversos que seu alvos, incluindo punks, apoiadores da ditadura, estudantes colegiais e idosos que acompanham o noticiário político.

Na frente do protesto, um pequeno carro de som de um grupo de Facebook chamado Revoltados Online puxava parte das pessoas com gritos como “Dirceu, guerreiro, do povo mensaleiro”. Diziam ser apartidários e ter pago o carro do próprio bolso.

Entre os membros do Revoltados Online está Bruno Toscano, um piloto de avião que diz votar nulo todos os anos vestido com um nariz de palhaço. Como todas as pessoas no lugar, Toscano se dizia “contra a corrupção” e que a “melhora da política virá moralizando a política”. Mas como moralizá-la, exatamente? “Com a volta dos militares ao poder. O que eu sustento é que eles cheguem ao poder, tirem essas pessoas, esses corruptos, e criem um governo paralelo”.

Do outro lado, alguns punks anarquistas tentavam segurar seus pares para que não chegassem perto do carro de som. “Ali é todo mundo de partido político. Com carro de som não tem protesto, só tem propaganda. Punks, fiquem conosco, vamos juntos, sem arranjar treta”, dizia Gustavo Ferreira, de 18 anos, que se identificou como militante do Movimento Passe Livre. Em resposta, seus pares gritavam “tem punk aí” com os punhos levantados.

Mas os apelos de Ferreira não adiantaram nada e todos ficaram juntos. Punks cercaram o carro de som e começaram gritar. “Tem candidato a vereador aí no meio. Caiam fora”. Enquanto isso, Toscano gritava “vão estudar, seus alienados”. Houve um princípio de confusão e a polícia fez um cordão de isolamento entre os dois grupos.

Mais tarde, Toscano disse não ter problema com os punks e tentou explicar as ofensas. “Eles estão só aprisionados em gulags mentais por causa de professores esquerdistas plantados em universidade federais para que todos tivessem medo de militares”, resumiu.

A confusão foi diminuindo ao longo do protesto. A maioria das pessoas que seguiam o carro de boa vontade não faziam ideia do viés autoritário de quem os puxava. Cantavam junto com eles gritos inofensivos como “político, ladrão, seu lugar é na prisão”.

Quando a passeata havia acabado, um jovem gritava ao microfone tentando resumir o que era o protesto, para quem ainda não tinha entendido. “Eu queria lembrar que estamos aqui protestando contra a impunidade, a corrupção, e os Illuminati”, referindo-se à sociedade secreta que teria influência sobre todo o mundo.

No final, todos pareciam unidos em torno da causa, seja lá qual fosse ela. Após cerca de vinte punks serem revirados pela polícia e terem facas apreendidas, eles se juntaram ao resto do povo e começaram a seguir a canção “eu, sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor”.

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