segunda-feira, 13 de maio de 2013

SINDICATO IGNORA MAIORIA E DECLARA O FIM DA GREVE

Na última sexta-feira (10/05) mais de sete mil professores do Estado de São Paulo realizaram a quarta assembleia para tratar da greve que foi deflagrada em 19 de abril. Este blogueiro que esteve presente no movimento, em comandos de greve bem como em todas as assembleias anteriores realizadas no MASP, mais uma vez estava lá. E posso assegurar que não foi nada agradável o que presenciei.

Durante a semana que antecedeu a última assembleia, ficou nítido o pouco engajamento por parte da APEOESP em divulgar a mesma. Na internet e, em especial, nas redes sociais, foi gritante a diferença da convocação para o evento em comparação às anteriores. Começou a ser feita com atraso e, sem motivo aparente (a greve seguia com pelo menos a mesma adesão), não existia o mesmo apoio das últimas três assembleias.

Ao chegar à Avenida Paulista, reparei que a quantidade de vans/ônibus e professores era menor do que nas outras semanas. Como sempre, o conselho de representantes do sindicato se reuniu antes de chegar ao carro de som no MASP para fazer uma análise da paralisação e, por decisão da maioria que apoia a atual direção da entidade, entendeu que o fim da greve deveria ocorrer.

Na assembleia, foram várias manifestações a favor e contra a continuação da greve até que surge o momento dos professores presentes se manifestarem, independente, da decisão do conselho e o que se viu foi um ato vergonhoso. Como em um passe de mágica, a greve que há alguns dias crescia, depois da reunião com o desgoverno, segundo a presidente do sindicato (Maria Izabel Noronha), arrefeceu.  

Bebel afirmou que se reuniu na manhã daquele dia com o secretário da educação e na negociação conseguiu alguns avanços. Ela os apresentou afirmando que o governo estadual se comprometeu a realizar todos não tendo registrado o fato em nenhum documento. É no mínimo estranho que o sindicato aceite promessas ao vento de um desgoverno que não cumpre nem a lei. Uma verdadeira aberração.

As "conquistas" no acordo foram:

1 - Fim da prova anual aplicada aos professores da chamada “categoria F”;
2 - Fim da prova exigida dos professores da chamada “categoria O” que já pertencem à rede estadual;
3 - Direito de atendimento médico pelo IAMSPE aos professores da “categoria O”;
4 - Concurso público no segundo semestre para professores PEB II;
5 -Não privatização do Hospital do Servidor Público e do IAMSPE;
6 - Convocação da comissão paritária prevista no artigo 5º da lei complementar nº 1143/11 para discussão da possibilidade de novo reajuste e discussão da implantação paulatina da jornada do piso (no mínimo 1/3 da jornada para preparação de aulas e formação, entre outras atividades extraclasse);
 7 - Convênio em torno de projeto a ser elaborado pela APEOESP para prevenção e combate à violência nas escolas;
 8 - Discussão do pagamento dos dias parados e retirada das faltas da greve mediante reposição de aulas.

Dos milhares de professores que se manifestaram, sob a minha modesta opinião, de diversos professores (inclusive da situação), fotógrafos e até do PIG (confira), a maioria decidiu pela continuidade da paralisação. Como se estivesse diante de uma votação unânime ou quase isso pelo fim do movimento, a Sra. Maria Izabel Noronha sem qualquer pudor decretou o fim da assembleia e da greve quando diante dos seus olhos a decisão tinha sido outra. Uma absoluta e inaceitável demonstração de arbitrariedade e de irresponsabilidade para o cargo que ocupa. No mínimo, um aviltamento à classe.

Tal desrespeito gerou indignação na maioria que exigia a imediata reinstalação da assembleia para continuar a paralisação. Como foi ignorada, garrafas de água e ovos passaram a ser jogados em cima do caminhão de som fazendo com que todos que lá estavam se refugiassem para a acanhada parte interna do veículo. Após mais de uma hora de impasse e aos gritos de "Greve!" e “Que papelão, a Bebel vai sair de camburão!”, a direção do sindicato pediu escolta à polícia militar para conseguir sair do local.

Com isso, a PM agrediu muitos professores até que foi possível abrir espaço na avenida para que o caminhão com a diretoria do sindicato conseguisse deixar a frente do MASP.

Para piorar foi possível ouvir testemunhos de professores do interiror afirmando que os ônibus locados pela APEOESP para todas as assembleias anteriores, na última sexta-feira sumiram. E como se tudo isso não bastasse, professores indignados com a decisão arbitrária se dirigiram à sede do sindicato do qual fazem parte para ouvir explicações sobre o acontecimento. Chegando lá, se depararam com o prédio fechado e cercado de policiais militares exatamente como nos tempos da ditadura.

Diante de tanta violência e falta de respeito, muitos(as) profissionais da educação levantaram a hipótese de desfiliação do sindicato, o que me parece um erro. É preciso fomentar o debate sobre questões absurdas, como essa, denunciar e tirar da presidência do órgão de maior representatividade dos professores da América Latina, a Sra. Maria Izabel Noronha.

Ressalto que não tenho filiação partidária e não recebo ajuda financeira de quem quer que seja. Minha atuação é livre por acreditar que a educação do país precisa ser mudada deixando de focar apenas a competitividade do mercado e passando a entender como prioridade a formação cidadã.

Como advogado, sociólogo, professor e acima de tudo cidadão, entendo ser urgente a mudança de comando na APEOESP.

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3 comentários:

  1. Achei muito bom e bastante esclarecedor esse texto.
    Saudações classistas,

    Protesto Popular SP

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  2. Oi, aqui tem um vídeo da votação, pra enriquecer sua publicação! Beeijos >> https://www.facebook.com/photo.php?v=551452408226857

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